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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Nelson Rodrigues


Nélson Falcão Rodrigues (Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980) foi um importante dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro.
(Wikipédia, acesso 26/11/2008)

A LINGUAGEM COLOQUIAL DE NELSON RODRIGUES

É fato já por todos aceito no Brasil o papel renovador de Nelson Rodrigues no panorama da dramaturgia brasileira contemporânea, a partir de sua peça "Vestido de Noiva"(1965). Com esta, o dramaturgo conheceu a glória, tendo sido alvo de não poucos estudos que reconhecem sua importância na literatura brasileira. Enquanto as peças nacionais tinham como cenário uma sala de visitas, "numa reminiscência empobrecedora do teatro de costumes" - como bem salienta Sábato Magaldi -, Vestido de Noiva "vejo rasgar a superfície da consciência para apreender os processos do subconsciente, incorporando por fim à dramarturgia nacional os modernos padrões da ficção" (MAGALDI, 1978)

Ora, o crítico mencionado, no seu livro Panorama do Teatro Brasileiro, assim intitula o capítulo que trata das peças de Nelson Rodrigues: "O desbravador", pois esse é o papel que o autor repreenta na moderna dramaturgia brasileira.

A renovação, porém, não se limitou ao aspecto da mudança da temática: aliás, arigor, apenas a Valsa n° 6 se filia ao Vestido de Noiva. Essa renovação se fez sentir também, e sobretudo, no domínio da fala: Nelson Rodrigues criou uma nova linguagem, abrindo caminho a não poucos dramaturgos. Se os dramaturgos da geração anterior faziam uso de um diálogo artificial, um tanto empolado e distante da fala corrente, diária, já Nelson Rodrigues adota uma linguagem que é o reflexo das conversas do homem comum, com sua gíria, com seus modismos, com seus defeitos de vocabulário, com suas incorreções gramaticais, com suas interrupções, enfim com muitas das características da linguagem coloquial.

Não encontramos no seu teatro o diálogo pomposo, artificial, supercorreto; mas diálogo natural, simples, salpicado de incorreções. E dele poderíamos dizer - com as devidas ressalvas - aquilo que o autor francês Brunetière disse, ao falar de Molière, o genial autor cômico do século XVII, que, como se sabe, punha na boca de seus personagens, não só gíria, mas barbarismos e solecismos. Disse Brunetière:

Os defeitos de estilo de Molière não são apenas o reverso ou o resgate de suas qualidades; são a sua própria condição. Ele teria escrito menos bem, se tivesse melhor escrito.

Ou, em outras palavras, correção gramatical, réplicas completas, coesas e encadeamento perfeito do diálogo não fazem parte do teatro de Nelson Rodrigues porque, na linguagem coloquial, o que via de regra encontramos é justamente o emprego de frases incorretas, réplicas incompletas, interrompidas - é o enunciado incompleto -, ou pelos próprios locutores ou pelos ouvintes que, intervindo, tomam a palavra, quer através de simples monossílabos ou de interjeições ou interrogações nem sempre respondidas, seguidas de sugestivos silêncios.
(Debate: O teatro ontem e hoje; Célia Berrettini, esp. em literatura dramática)

RESUMO

A peça "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, reparte-se em três planos: realidade, memória e alucinação. A personagem principal, Alaíde, originária da alta classe média carioca, foi atropelada e, no hospital, em estado de choque, relembra momentos de seus 25 anos de vida, misturando-os ao puro delírio.


A memória dos embates travados com a irmã Lúcia, sua rival no amor de Pedro - o homem com quem Alaíde se casou -, e as fantasias alimentadas a partir da leitura do diário de madame Clessi, prostituta elegante morta em 1905, constituem o argumento, sem dúvida folhetinesco. Lembranças e alucinações se materializam fragmentariamente sobre a cena, enquanto, no plano da realidade, a moça agoniza na mesa de operações.
(Revista Cult, Fernando Marques; Unb)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Luiz Vais de Camões


Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 10 de Junho de 1580) é frequentemente considerado como o maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da Humanidade. O seu génio é comparável ao de Virgílio, Dante, Cervantes ou Shakespeare. Das suas obras, a epopéia Os Lusíadas é a mais significativa.

ESTRUTURA DE "OS LUSÍADAS"

O poema é composto de dez cantos, que contêm um número variável de estrofes. O mais breve, o VII, tem 87; o mais longo, o último, 156. O total, portentoso, é de 1102 estrofes, chamadas oitavas-rimas, pois todas têm sempre oito versos. Os versos são todos decassílabos, cuidadosamente escandidos, e rimados sempre segundo o mesmo esquema: o primeiro rima com o terceiro e o quinto; o segundo com o quarto e o sexto; o sétimo e o oitavo entre si.
(Série Bom Livro: Luís de Camões; Os Lusíadas. Carlos Felipe Moisés)

EPISÓDIO DE INÊS DE CASTRO

118

Camões refere-se a várias vitórias alcançadas no período em que Portugal se propõe às novas descobertas do mercantilismo durante o período de agigantamento do Império Português devido aos sucessos obtidos nas viagens de descobertas. Esse período foi conseqüência da necessidade que as nações européias por hora passavam vendo que suas terras já não mais produziam suficientemente para alimentar a toda a população. Seu subsolo estava pobre devido à exploração. Então lhe restava buscar novas fontes de riquezas em outras terras.

O mercantilismo que não se deteve apenas na compra e venda de manufaturados e especiarias do oriente para o ocidente, mas principalmente na cobrança de valores como fretamento de navios para o transporte de produtos.

Não podemos nos esquecer também que o final da Idade Média foi palco de principalmente religiosas. Onde o Império Romano do Oriente com capital em Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos que praticavam a crença de Maomé (maometismo ou Islamismo).

Não devemos perder de vista o que mais nos interessa na análise desta obra: o episódio de Inês Castro.

Após vencer aos Mouros (lembre-se que Portugal ajudou ao Papa na luta das Cruzadas combatendo os avanços e proliferação de religiões: Maometismo X Catolicismo, forças grandiosas e opostas que buscavam se afirmar como religião, no caso do Catolicismo. Perceba que Dom Afonso ao retornar a Portugal não admite o amor de seu filho Dom Pedro I com a plebéia Inês de Castro. Inês de castro foi a acompanhante da princesa Dona Constança do reino de Castela que foi para Portugal se casar com o príncipe Dom Pedro I.

Veja a referência que Camões dá a Inês de Castro: mísera e mesquinha, que se transforma de plebéia a rainha depois de morta.

A musicalidade na obra de Camões é bastante forte onde o ritmo se faz grandioso, graças a forma das rimas intercaladas ou alternadas.

Dom Pedro I desposou Inês de Castro após a morte de sua mulher D. Constança, pela qual era profundamente apaixonado.

119

A referência inicial ao poder tirânico do amor. A inicial maiúscula não quer dizer nada de um Deus soberano; quer mesmo é retratá-lo como se fosse um Deus e não o Deus altíssimo.

120

Observe que Inês de Castro mantém-se segura de si, sem abatimentos maiores. É desconhecedoras do grande perigo por que passa sua vida.
Gozando dos prazeres do amor, próprios da idade em que se estava, Inês de Castro estava cega não enxergando o que se passava em torno dela.

121

Veja o profundo paradoxo no 5º e 6º versos, em que o autor se refere à doce ilusão do amor na juventude.

Há neste octeto uma profusão de amor de Inês de Castro a Dom Pedro I e dele a ela. A lembrança dele para com ela e vice-versa é fortemente notada neste trecho.

Em doces sonhos e “em pensamentos” são expressões de valor adverbial que se ligam a “te traziam”.

122



Vendo que os filhos não tem olhos para outras rainhas (princesas) de outros reinados e, juntando com os "buchichos" da sociedade que tratavam justamente dos amores entre Inês de Castro e Dom Pedro I, D. Afonso precisa, necessita tomar uma atitude drástica contra Inês de Castro.

123

Não tendo outra saída, D. Afonso decide (após pressões populares e de seus conselheiros) matar Inês de Castro e assim libertar o filho para se casar com outra princesa.

124

Pressão sobre o rei que não mude sua decisão. 124-14 “Horrífico”, que causam horror. -2 “Ante”: perante, diante de. -3-4 Os conselheiros de D. Afonso ponderavam-lhe que a crescente influência dos parentes de D. Inês podia originar pertubações políticas e pôr em perigo a independência do país no futuro reinado eque até o legítimo herdeiro, o filho de D. Constança, poderia ser vítima das ambições daqueles que desejassem ver sentado no trono de Portugal um filho de D. Inês. “Crua”; cruel. -8 “Que”: o que, e isto.

125

Neste trecho percebe-se que Inês de Castro está presente no mesmo ambiente que D. Afonso. Esse a entrevista para mostra-lhe o perigo a que submeteu a si próprio e ao reino de Portugal. Também admoesta a respeito das conseqüências que resultará nesta aproximação dela ao príncipe.

126

D. Inês procura exortar à piedade o rei e avô. 126-1-6 “Nas brutas feras... e nas aves agrestes... com pequenas crianaças viu a gente terem tão piadosos (piedoso) sentimento”: anacoluto, decorrente do provável cruzamento destas duas contruções: a) A gente viu as brutas feras... e as aves agrestes... TEREM tão piados sentimentos com pequenas crianças, NAS (=entre) brutas feras e NAS aves agrestes. “Mente”, índole, condição”. “Natura”: a Natureza. “Aérias”: aéreas, que se encontram nos ares. “Tem”: têm .- 7 “Coa (com a) mãe de Nino”: alude-a a Semíramis, que, abandonada pela mãe no deserto, terminou sendo alimentada pelas pombas, -8”Cos (com os) irmãoes”: alude-se a Rômulo e Remo, que foram amamentados por uma bola.

127

Neste trecho, Inês rocura persuadir a D, Afonso a não matá-la, afinal que culpa tem ela e o príncipe de terem se apaixonado um pelo outro! Até porque a princesa D. Costança, mulher de D. Pedro I avia morrido e por isso ele (Inês de Castro) não via mal nenhum em etr um relacionamento com o príncipe. Na verdade a crescente influência da família de Inês em Portugal é que amedrontava ao Rei. Também pelo fato de todos se sentirem no direiro de terem relacionamento amoroso com a família real ou quem sabe vê-la de forma menos importante, como uma família comum e acessível a qualquer plebeu.

128



Não contendo nenhum erro grave para merecer a morte, Inês de Castro não acredita que a morte será seu fim. Pra tanto pede ao rei que não lhe faça mal algum porque o único erro seu foi amar loucamente ao filho de D. Afonso.
Pede também, ao rei, que caso ele não abstenha de sua decisão de vê-la longe de D. Pedro I, mande-a para um outro país, exila-a, desde que não a mate.
Veja também, no 1º verso a eloqüência, a força que este tem ao elogiar a bravura do rei D. Afonso na voz de Inês de Castro. É a presença forte e marcante da epopéia camoniana.

129

No primeiro parágrafo, podemos observar a força do grito de Inês esperançosa em receber do rei perdão elo que ela não havia feito. Prefere ser jogada na cova dos leões, referência à Bíblia, onde Daniel é jogado na cova dos leões e nenhum mal sofreu. Brada Inês de Castro preferindo viver junto aos leões (o que quer dizer que os animais são mais complacentes, amigos, humanos que os próprios homens) aos homens.

130

Este trecho nos mostra a morte muito próxima de Inês de Castro quando seus inimigos arrancam a espada num gesto de que a morte da donzela esta mui próxima.
Veja também que a rima não está por inteiro numa regra. Ora ela se faz intercalada: ora paralela; ora alternada. A musicalidade é uma das mais importantes características da obra.

131

Comparação da morte de D. Inês com o sacrifício da jovem Policena. 131-1 “Qual”: assim como “Policena”, filha de Príamo, rei de Tróia, e de Hécuba. 3-4 Alude -se ao fato de ter Aquiles, depois de morto, aparecido a seu filho Príamo e exigindo que este matasse em sacríficio a Policena. “Co”; com o -5 Leia-se: Mas ela (Policena), [com] os olhos com que serena o ar.

132


Arremessam-se os matadores, cravando as espadas no coração de D. Inês. Faz-se memória do que aconteceu cinco anos depois da tragédia, quando D. Pedro transportou o corpo da esposa, desde Coimbra até os Mosteiro de Alcobaça. - 5 “As espadas banhando”: liga-se a “no colo de alabastro” e equivalente a “no colo as espadas enterrado e banhando-as em sangue”. É um exemplo de metonímia, em que uma das partes está pelo todo.

133
Este trecho deixa claro a morte de Inês. Numa alusão à tristeza de todos, inclusive de Dom Afonso que não queria a morte de Inês. Este fato possivelmente deixou muita gente perturbada e infeliz.

134

O horror de tal crime deveria levar à fuga do próprio Sol. 1331 “Poderas”: oderias, “Destes”, destes [algozes]. -2 “Aquele dia”: naquele dia. -3 “Como [apartaste] da seva mesa de Tiestes”. Conta-se que Atru, rei de Micenas, para se vingar do irmão Tiestes que tivera amores com sua mulher, ofereceu-lhe um banquete, onde lhe deu a comer a carne dos próprios filhos. Segundo uma antiga carne dos próprios filhos. Segundo uma antiga lenda, o sol, horrorizado, escondeu-se nrssa ocasião. “Seva mesa”: horrendo banquete ouvir da boca fria”, ouvir a última palavra da boca gelada [de Inês]. -8 “Espaço”: tempo.

135

O local onde tombou D. Inês até hoje recorda o nefando crime, como previu o Poeta. 135-1 “As filhas do Mondego”: as ninfas do Mondego. “Escura”: triste, -2 “Memoraram”: recordaram. -3 “Por”: para. Neste e no verso seguinte, o Poeta alude à Fome dos Amores, na, na Quinta das Lagrímas, em Coimbra. -5 “Poseram”: puseram. “Inda”: ainda. -6 “Dos amores de Inês: pertence para “o nome lhe poseram”; -8 “Que”: é conjunção coordenativa explicativa. O segundo pensamento encerra uma justificativa do que foi dito no anterior. “E o nome amores”: e [que] o nome [é] amores.
(Estudos das obras literárias, Prof . Sebastião Oliveira Veloso, BRAVESP)

QUESTÃO:

(FUVEST) Considere as seguintes afirmações do crítico Hernâni Cidade, a respeito do discurso feito por Inês de Castro em Os Lusíadas:

“O discurso é uma bela peça oratória, concebida por quem possui todos os segredos do gênero. (...) Nele a inteligência sonctrutiva do clássico superou, no poeta, o sentimento da verdade psicológica. A idéia fundamental - põe-me em triste desterro, mas poupa-me a vida em respeito de teus netos - alonga-se por toda uma eloqüente oração ciceroneana, em que não faltam as alusões mitológicas apropriadas.“

Sobre as palavras do crítico e o conteúdo do episódio de Inês de Castro, é correto afirmar que:

a) pode-se considerar a fala de Inês de Castro um exemplo de peça oratória graças à intensa expressão lírica que o discurso apresenta;
b) uma das alusões mitológicas presentes no episódio relaciona-se a Vênus, deusa do Amor, responsável pela paixão trágica de Inês de Castro;
c) o tom oratório presente no discurso da personagem vem somar à expressão lírica a organização lógica das idéias, conferindo à enunciação um caráter argumentativo;
d) segundo o crítico, verificam-se elementos da oratória no episódio de Inês de Castro, os quais são resultado da capacidade do poeta de revelar a verdade psicológica dos personagens;
e) a idéia fundamental do discurso da personagem relaciona-se à tristeza em relação aos amores dos quais ela reconhecia não ter culpa, já que o verdadeiro culpado é Amor.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Gil Vicente


Pouco se sabe sobre a vida de Gil Vicente, autor de Auto da Barca do Inferno. Ele teria nascido por volta de 1465, em Guimarães ou em outro lugar na região da Beira. Casado duas vezes, teve cinco filhos, incluindo Paula e Luís Vicente, que organizou a primeira compilação das suas obras.

Gil Vicente (1465 — 1536) é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.

A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.

(Wikipédia, acesso 25/11/2008)

ESTILO

Uma vida intensa percorre a expressão verbal em Gil Vicente, e dá-lhe uma aparência voçosa, sem partes mortas, concreta sem deixar de ser tradicional. Gil Vicente não é sob o ponto de vista lingüístico e estilístico um inovador. A sua retórica só conhece as formas simples do esclarecimento, e prefere as imagens tradicionais, como estrela, flor, nave, mar, as cascatas em estilo de ladainhas. Mas há um admirável ritmo em crescendo, copioso e estusiasta, além da constante riqueza de evocações a percorrer estas seqüências. Gil Vicente é também fiel à tradição no uso predominante da redondilha maior (verso de sete sílabas); e ainda quando combina este verso com os seus quebrados, como secede no “Auto da Alma” ou n’“O Velho da Horta”. Mas sabe usar com mestria o verso mais longo (onze, doze, treze sílabas).

Não obstante o uso do verso, Gil Vicente sugere toda a vivacidade da linguagem coloquial. O verso não serve nele para marcar distância literária, a não ser em certas tiradas intencionalmente líricas ou oratórias. Serve, sim, para valorizar a língua corrente, chamado a atenção do leitor para paralelismos ou contrastes, enfim para tirar efeitos implíncitos na fala quotidiana, tal como sucede com a maior parte dos provérbios tradicionais.

Não se pode, aliás, falar de uma linguagem coloquial em Gil Vicente, antes de várias, de acordo com o estilo das peças, e com a condição social das personagens. Na época de Gil Vicente há uma diversidade grande de falares, segundo não só a diversidade das regiões, mas também a das condições sociais. Gil Vicente acusa esta diversidade, variando a expressão fonética ou sintáctica, o vocabulário e as fórmulas de tratamento conforme a origem social dos personagens. O estudo fundamental de Teyssier registra a considerável variabilidade desses indicativos sociais e até psicológicos. São os rústicos que empregam exclusivamente certas formas, como por exemplo “eigreja” (em lugar de “igreja”, que é a forma utilizada pelas personagens urbanas), e são eles, em geral, que se exprimem em linguagem mais arcaica, da mesma forma que entoam os catares e executam as danças que caíam em desuso nas cidades.

A FARSA EM GIL VICENTE

Na forma mais simples, a farsa reduz-se a um episódio colhido em cômico flagrante na vida da personagem típica. Tal o caso de “Quem tem farelos”, onde se conta o percalço sucedido a um triste escudeiro namorador, corrido pela mãe da reuestada, sob uma chuva de troças e maldições entre a cabeça e o cabo da peça. É o caso da “Farsa dos Al mocreves”, ou a do “Clérigo da Beira”. Nesta última aparecem-nos sucessivamente um padre rezando distraidamente as matinas, um rústico roubado na corte, e um escravo negro que rouba: as personagens dão lugar umas às outras, não havendo unidade de acção. Por vezes, também, os episódios e as personagens agrupam-se dentro de uma unidade orgânica, embora faltando-lhe um processo de desenvolvimento, como no caso de “O Juiz da Beira”, perante cujo tribunal comparecem vários casos. Enfim, há a considerar certas farsas mais desenvolvidas que são histórias completas, com princípio, meio e fim. É o caso do “Auto da índia”, onde se conta a história de uma mulher que enganou o marido, alistado no ultramar; ou o do “Auto de Inês Pereira”, que ilustra com uma história picante o dito popular <>; ou ainda o do “Velho da Horta”, que nos faz assistir, desde o princípio até seu ridículo desfecho, à paixão de um velho por uma moça. Nestes autos a história corre em diálogos e açções que se sucedem sem transição; são como contos dialogados no palco, sem qualquer preocupação de unidade de tempo, e sem qualquer compartimentação de quadros ou actos a marcar a descontinuidade dos tempos. Nisso diferem estruturalmente da comédia de Plauto ou de Molière. (...)
( História da Literatura Portuguesa, Antônio José Saraiva, U. de Lisboa, 1969)

QUESTÃO:


PUC-SP) A próxima questão refere-se à Farsa do Velho da Horta, escrita em 1512 por Gil Vicente.
A respeito dessa obra pode afirmar-se que:

a) peca por não apresentar perfeito domínio do diálogo entre as personagens, resvalando, muitas vezes, por monólogos desnecessários.
b) sofre da ausência de exploração do cômico, já que, tematicamente, permanece na esfera do amor senil.
c) utiliza pouco aparato cênico para sugerir o ambiente em que decorre a peça, já que a pobreza cenotécnica é uma de suas características.
d) falha por falta de unidade de ação provocada por longas digressões, como a ladainha mágica da alcoviteira.
e) obedece rigorosamente ao tratamento do tempo e respeita as normas que dele a tradição consagrou.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Guimarães Rosa


João Guimarães Rosa mais conhecido como Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967) foi um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Foi também médico e diplomata.

Os contos e romances escritos por João Guimarães Rosa ambientam-se quase todos no chamado sertão brasileiro. A sua obra destaca-se, sobretudo, pelas inovações de linguagem, sendo marcada pela influência de falares populares e regionais. Tudo isso, somado a sua erudição, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e sintáticas.
(Winkepédia, acesso 24/11/2008)

“NÃO ME SUBMETO À TIRANIA DA GRAMÁTICA”

Depois dessa história literária povoada das mais diversas produções regionalista, que parecia ter chegado a seu requinte máximo com os escritores de 30, tinha-se a impressão de que autores e leitores não mais se interessariam por essa tendência.
Assim, em 1946, quando Guimarães Rosa surge com Sagarana, uma coletânea de contos em que a matéria é o sertão, pensou-se que mais um ciclo regionalista se inaugurara e que os escritores brasileiros decididamente elegeram o mundo rural como único objeto de suas preocupações.
De fato, o regionalismo estava novamente em pauta, mas desta vez para ganhar um novo significado. Em Guimarães Rosa, a tendência regionalista acaba assumindo a característica de experiência estética universal, compreendendo a fusão entre o real e o mágico, de forma a radicalizar os processos mentais e verbais inerentes ao contexto fornecedor de matéria-prima. O folclórico, o pitoresco e o documental cedem lugar a uma maneira nova de repensar as dimensões da cultura, flagrada em suas articulações no mundo da linguagem.



O que se altera na ficção brasileira com a produção de Guimarães Rosa é o modo de enfrentar a palavra, a maneira de considerar a linguagem. “Não, não sou romancista; sou um contista de contos críticos. Meus romances e ciclos de romances são na realidade contos nas quais se unem a ficção poética e a realidade. Sei que daí pode facilmente nascer um filho ilegítimo, mas justamente o autor deve ter aparelho de controle: sua cabeça. Escrevo, e creio que este é o meu aparelho de controle: o idioma português, tal como usamos no Brasil; entretanto, no fundo, enquanto vou escrevendo, extraio de muitos outros idiomas. Disso resultam meus livros, escritos em um idioma próprio, meu, e pode-se deduzir daí que não me submeto à tirania da gramática e dos dicionários dos outros. A gramática e a chamada filologia, ciência lingüística, foram inventadas pelos inimigos da poesia.”
(Literatura Comentada: Guimarães Rosa, Beth Breit, PUC, 1982)

Noto: O estudante não deve desprezar, ou deixar de submeter-se ao estudo da gramática por esse e outros motivos, visto que, o domínio da norma padrão da língua e indispensável para o sucesso profissional. Fica o alerta.

ENTRE PERDAS E GANHOS

Publicada originalmente no volume “Corpo de Baile” (1956), “Miguilim”: Campo Geral”, mais conhecido como “Miguilim”, conta sobre Miguel, de 8 anos de idade, que vive com a família na localidade chamada Mutum. Nesse cenário, os dramas familiares conduzem a vida e o crescimento do persoangem-título. Miguilim, como é chamado, é companheiro inseparável do caçula, Dito. Se Miguilim é mais velho, Dito é mais sábio, ponderado, a bússola que rege as atitudes do irmão:


Mutum, de Sandra Kogut

“O Dito, menor, muito mais menino e sábio em adiantado as coisas, com um acerteza. Ele, Miguilim, mesmo quando sabia, espiava na dúvida, achava que podia ser errado. Até as coisas que ele pensava, precisava de contar ao Dito, para o Dito reproduzir com aquela força séria, confirmada, para então ele acreditar que era mesmo verdade”.
(Em Ficção Completa (Nova Aguilar, 1994)

Eles se completam e completam numa combinação entre razão e sensibilidade. Numa família em que a criança não tem voz, Miguilim, com sua fragilidade, busca, ainda que de modo instável, se fazer ouvir e mais, marcar sua presença. E daí seus conflitos com o pai, Nhô Béro, responsável pelas violentas surras que o menino e pó algumas das grandes perdas pelas quais passa, como a cadela predileta, Cuca Pingo-de-Ouro, que o pai dá a tropeiros, e os passarinhos que ele criava, que o pai solta depois de uma contrariedade.


Mutum, de Sandra Kogut

O único adulto atencioso para com Miguilim é o irmão do pai, o Tio Terêz. No entanto, o menino está colocado no meio do conflito dos grandes, já que pai e tio disputam o amor da mãe, Nhanina. Solicitado a entregar a ela um bilhete do tio, Miguilim sente que isso não deve ser feito. Entre desapontar o único amigo adulto e agir contra sua consciência, o menino passa por uma crise dolorosa até optar pelo caminho moral e devolver o bilhete ao tio.

“Campo Geral” é, de certo modo, uma fábula sobre o crescimento, a perda da infância. A cena em que o menino queima no quintal todos os seus brinquedos é emblemática. E nesse percurso, Dito age como um mestre que ensina a Miguilim quais caminhos tomar e que zela por ele. Dito ensina Miguilim a ouvir seu coração e também a cultivar e manter uma alegria íntima mesmo perante acontecimentos ruins ou a própria morte.

O crescimento do personagem é metaforizado pelos óculos que recebe ao se constatar a miopia de que sofria e pela partida para o Curvelo para estudar. A morte de Dito, por tétano, também é importante nesse processo de crescimento, já que Miguilim carece de autonomia, de seus próprios caminhos.
(Rev. Discurso Literário: Guimarães Rosa, Micheliny Verunschy, escritora, ANO1º)

Obs: uma curiosidade que podemos destacar na obra desse autor e que ele rompe o paradigma da leitura em voz auto, dificultando na complexidade do seu texto a leitura da narrativa A leitura interior é evidenciada.

Questão;

(PUCCAMP-SP) No conto Miguilim, de Guimarães Rosa, o leitor compreenderá que as sofridas experiências de menino no Mutum permitirão que o protagonista, quando adulto,

a)procure esquecê-las, valorizando a vida que passou a ter depois de superar as privações de sua infância vazia.
b)a elas se refira de modo a compensar aqueles momentos negativos com as fantasias que agora lhes acrescenta.
c)a elas se refira com o natural ressentimento de quem olha para o passado e percebe que só tem perdas a lamentar.
d)as retome para analisar sua fragilidade de criança, em meio às condições penosas daquela rotina sem revelações.
e)as retome para valorizar o aprendizado profundo da infância, que incluiu as perdas afetivas e o ganho de quem descobre.

sábado, 22 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Manuel Bandeira


Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.

Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre e José Condé, representa a produção literária do estado de Pernambuco.
(Winkipédia, acesso 22/11/2008)

INTERTEXTUALIDADE

Em Bandeira, é possível encontrar uma série de comportamentos peculiares quanto à intertextualidade. Observa-se, por exemplo, que ele tem uma verdadeira fixação no poeta Augusto Frederico Schmidt, tem três outros textos com estes títulos sintomáticos:
“Poema desentranhado de uma prosa de Augusto Frederico Schmidt”
“Soneto em louvor de Algusto Frederico Schmidt”
“Soneto plagiado de Augusto Frederico Schimidt”
Certamente outras comparações podem ser feitas entre Bandeira e vários outros poetas. Feitas essas aproximações à luz de uma teoria moderna da linguagem, o autor apresenta uma obra muito mais interessante. E o que poderia passar de brincadeira moderna.
Curioso é assinalar em Bandeira a autotextualidade, ainda mais apurada que aquela encontrada em Jorge de Lima. Estou usando aqui autotextualidade como sinônimo de intratextualidade. É quando o poeta se reescreve a si mesmo. Ele se apropria de si mesmo, parafrasicamente. Refiro-me especialmente ao poema “Antologia”, que é a síntese que Bandeira fez de sua própria poética. Ele extraiu de vários poemas pensamentos versos que acha fundamentais.

Antologia

A vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos se entendem, mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Vou-me embora pra Passárgada!
Aqui eu não sou feliz.
-A dor de ser homem...
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.

Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...
Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Quero descansar.
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir).

Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrada o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com, cada coisa em seu lugar.

Estimulados por este procediemnto, vários escritores localizaram na obra em prosa de Bandeira outros versos dispersos. David Arrigucci Jr. Publica sete “Poemas por acaso na prosa de Manuel Bandeira” (Acados e perdidos, 1979). E, nessa linha, o caso mais curioso é o “Poema encontrado por Thiago de Mello na Itinerário de Pasárgada”, que Bandeira, ele próprio, acabou por incorpora à sua poética:

Vênus luzia sobre nós grande
Tão Intensa, tão bela, que chegava
A parecer escandalosa, e dava
vontade de morrer.

Em Bandeira, essa técnica de cruzamento de textos é variada. Quem quiser mais exemplos pode pesquisar ou pode confirmar num outro poema, “Balada da três mulheres do Sabonete Araxá”, como ele desenvolve essa técnica. Para conferir, sugere-se o estudo de Sônia Brayner (Fortuna Crítica de Manuel Bandeira, 1980) sobre as fontes desse poema, uma vez que ela vai a Luís Delfino, Rimbaud, Eugênio de Castro, Shakespeare, Lamartine Babo e Castro Alves, para explicar sua técnica de composição.
(sem ident.)

Irene no Céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.

- Não quero saber do lirismo que não é libertação.

QUESTÃO:

(PUC-SP) Libertinagem, uma das obras mais expressivas de Manuel Bandeira, apresenta temática variada. Indique a alternativa em que não há correspondência entre o tema e o poema.
a) cotidiano — “Poema tirado de uma notícia de jornal”
b) amor erótico — “Irene no céu”
c) teor metalingüístico — “Poética”
d) evasão e exílio — “Vou-me embora pra Pasárgada”
e) recordações da infância — “Profundamente

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Camilo Castelo Branco


Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825, na freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa, actualmente com os nºos 5 a 13. Filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, foi baptizado na Igreja dos Mártires a 14 de Abril de 1825. Os seus padrinhos foram o dr. José Camilo Ferreira Botelho, de Vila Real, e Nossa Senhora da Conceição.

Camilo foi registado como filho de mãe incógnita, pelo que se diz, porque o seu pai e a sua avó não queriam que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão humilde condição. A morte do pai obrigou-o a ir viver para Trás-os-Montes. Como era uma criança sensível e muito inteligente, vai sofrer grandes perturbações com todos os acontecimentos da sua infância. Ao longo da sua existência revelou-se um falhado nos estudos e nos amores. As vicissitudes da vida fazem-lhe despoletar a ideia de que a fatalidade e a desgraça são destinos a que não pode escapar. Foi um profissional das letras multifacetado, cuja obra o posicionou com uma das figuras mais eminentes da literatura portuguesa. Suicidou-se a 1 de Junho de 1890, na freguesia de Ceide, Vila Nova de Famalicão
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825, na freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa, actualmente com os nºos 5 a 13. Filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, foi baptizado na Igreja dos Mártires a 14 de Abril de 1825. Os seus padrinhos foram o dr. José Camilo Ferreira Botelho, de Vila Real, e Nossa Senhora da Conceição.

Camilo foi registado como filho de mãe incógnita, pelo que se diz, porque o seu pai e a sua avó não queriam que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão humilde condição. A morte do pai obrigou-o a ir viver para Trás-os-Montes. Como era uma criança sensível e muito inteligente, vai sofrer grandes perturbações com todos os acontecimentos da sua infância. Ao longo da sua existência revelou-se um falhado nos estudos e nos amores. As vicissitudes da vida fazem-lhe despoletar a ideia de que a fatalidade e a desgraça são destinos a que não pode escapar. Foi um profissional das letras multifacetado, cuja obra o posicionou com uma das figuras mais eminentes da literatura portuguesa. Suicidou-se a 1 de Junho de 1890, na freguesia de Ceide, Vila Nova de Famalicão

ESTILO

Camilo Castelo Branco se insere na Literatura Portuguesa eminentemente romântica. Ressalta o valor dos sentimentos puros que sempre obedecem às convenções sociais. Em suas novelas passionais, porém, amores e personagens serão frustados e suplantados pelos interesses de uma sociedade assentada em tradições decadentes e ralações hipócritas. Em Amor de Perdição temos um apanhado muito bem feito da vida rural e urbana do século XIX em que, apesar do sentimentalismo predominante, não faltam críticas ao clero, à monarquia e às camadas dominantes, que estão sempre em busca de seus próprios interesses.

RESUMO


Novela passional que se desenrola à volta do tema do amor proibido. Tal como em Romeu e Julieta, de Shakespeare(1564 – 1616), o maior dramaturgo e poeta da Literatura Inglesa, adensa-se o trágico quando as dificuldades (as vitimando os filhos (vitimas inocentes dos pais).
Simão Botelho, jovem estudante de 18 anos, filho de um magistrado da cidade de Viseu, tem um temperamento agressivo e desordeiro. Depois de se envolver em contendas político-universitários, permanece por alguns meses preso e vai passar uma temporada na casa dos pais.
Lá, apaixona-se pela filha de uma família vizinha, Tereza Albuquerque, 15 anos de idade, e tem seu comportamento transformado, tornando-se pacífico e estudioso.
Existe rixas antigas entre as famílias dos enamorados. O pai de Tereza apressa um casamento arranjado com o sobrinho, Baltasar Coutinho, Tereza o repele e afirma seu amor por Simão.
Baltasar encarrega dois empregados de matá-lo, ao saber que ele estaria próximo à casa da prima. Simão recebe ajuda do mestre ferrador João da Cruz que termina por liquidá-los. O jovem Simão, ferido, esconde-se e é tratado na casa do ferrador João da cruz que termina por liquidá-lo. O jovem Simão, ferido, escode-se e é tratado na casa do ferrador pela sua filha Mariana, que se apaixona por ele Tereza é afastada para um convento próximo por se recusar ao casamento forçado. Diante da perspectiva de nova remoção para um convento no Porto, Simão, percebendo a impossibilidade de juntar-se a Tereza, resolve ao menos, livrar-la do assédio do primo. Perante todos, mata o rival Baltasar e Tereza é, por fim, transferida. Simão é preso e assume integralmente seus atos, sendo condenado à força. É repudiado pelo pai, que lhe nega ajuda. Durante o processo é conduzido para a cidade do Porto, onde permanece no cárcere por dois anos, sempre sendo servido por Mariana e seu pai. Corresponde-se com Tereza, reclusa num convento próxima, cuja saúde se encontra muito debilitada. Sua pena é transformada em dez anos de degrado para a Índia.
A amada perde a vontade de viver e no dia da partida do navio, depois de acenar-lhe, falece. Simão, ao saber de sua morte, passa por 9 dias de febre intensa. Morre em alto-mar e seu corpo, ao ser lançado nas águas, é acompanhado por Mariana, a jovem devotada, que se suicida.

(Prf. Nelly Cecília Paiva Barreto da Rocha, Unama, 2005)

QUESTÃO:

(UEL) Sobre Amor de perdição, do escritor português Camilo Castelo Branco, assinale a alternativa INCORRETA:

(A) Amor de perdição é uma novela ultra-romântica, marcada pelo sentimento passional e pelo idealismo amoroso, confirmando, assim, duas das principais características do período, que foram o subjetivismo e a luta individual do herói.
(B) O ultra-romantismo da novela é quebrado por tendências realistas observadas no posicionamento da personagem Mariana e na forma pouco subjetiva como a realidade é tratada numa ficção documental.
(C) Narrada em terceira pessoa, a novela segue as convenções tradicionais da narrativa de ficção, como a seqüência temporal dos acontecimentos e a linearidade do enredo, apresentando também referências históricas e biográficas.
(D) Mariana é a principal agente de comunicação entre Simão e Teresa, figurando como personagem auxiliar que promove a união amorosa entre os dois adolescentes apaixonados, embora não possa dela participar.
(E) A personagem Mariana, encarnando o amor romântico, com pureza e resignação, e a personagem Teresa, representando a mulher inacessível e idealizada, encontram na morte a plenitude do amor idealizado, nesta novela da segunda fase romântica da literatura portuguesa.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Cesário Verde


José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa em 1855 e faleceu em 1889. Graças ao seu amigo Silva Pinto, as suas poesias foram compiladas em O Livro de Cesário Verde publicado postumamente.

SOBRE A POESIA DE CESÁRIO VERDE

O trabalho poético de José Joaquim Cesário Verde (1855-1886) registra as tensões sociais do processo de urbanização em Portugal. Sua escrita poética é o ponto de partida de várias tendências de vanguarda e do modernismo de seu país, como o tratamento estilístico do decadentismo-sembolismo ou o sensacionismo de Fernando Pessoa. Sua consciência artesanal do poema, visto como objeto estético construído a partir de uma multiplicidade de perspectivas, aproxima-o igualmente da modernidade dos movimentos de vanguarda e da literatura contemporânea.

O principal mérito de Cesário Verde, entretanto, é ter tematizado com grande força poética o operariado lisboeta, com uma produção que o singulariza no conjunto da Literatura Portuguesa. É precursor, dentro de uma ótica pequeno-burguesa, das preocupações do movimento neo-realista que viria a se firmar depois da Segunda Guerra Mundial.

Cesário Verde, de origem burguesa, iniciou-se literariamente sob influência do Parnasianismo, mas evoluiu rapidamente para um realismo de caráter dialético, onde registra imagens do cotidiano citadino, contra posto ao do compo. Não é o processo da cidade que provoca a reação emotiva e crítica do poeta, mas as condições em que esse desenvolvimento ocorre: os operários, provenientes das regiões rurais, são reduzidos em seus valores humanos e transformados em animais, como nesta passagem de “Cristalização”

“Homem de carga! Assim as bestas vão curvadas!
Que vida tão custosa! Que diabo!
E os cavadores pousam as enxadas,
E cospem nas calosas mãos gretadas,
Para que não lhes escorregue o cabo”.

O sofrimento citandino que registra na sua escrita poética não é puramente literário, mas possui um referencial histórico e concreto. A população da cidade é fixada em processo, isto é, com imagens em movimentos, como acontece com a pintura impressionista. Há semelhança entre os seus procedimentos estíliticos e os do decadentismo-simbolismo francês, em especial com o poeta Charles Pierre Baudelaire (1821-1867).

Há, entretanto, uma diferença fundamental em relação a Baudelaire: a realidade em Cesário Verde é história, com homens concretos. Não há preocupação psicológica ou metafísica: os abismos existenciais têm fundamentação sociológica. Sua preocupação é caracterizar uma “alma popular” onde as tradições culturais e a própria escrita seriam objetivadas:

“E sinto, se me ponho a recordar
Tanto utensílio, tantas perspectivas,
As tradições antigas, primitivas,
E a formidável alma popular!

Oh! Que brava alegria eu tenho quando
Sou tal-qual como os mais! E, sem talento,
Faço um trabalho técnico, violento,
Cantando, praguejando, batalhando”!

A objetivação dessas duas estrofes do poema “Nós” também ocorre com a metáfora básica de seus poemas: a cidade-mulher. O poeta busca nas imagens concretas da cidade a dimensão humana, o sensualismo que ela perdeu, devido ao grosseiro desenvolvimento capitalista. A fria cidade-mulher o subjuga, como ao operário. Ela é dominadora, falta-lhe a naturalidade que é própria do amor. Nas relações amorosas entre o poeta e a cidade-mhlher, falta igualdade a vitalidade biológica, inerente ao amor realista.

A plasticidade da cidade atrai o poeta, mas ele rejeita a sua fria dominação. Há, então, uma dialética de atração – repulsão em relação à cidade-mulher: procura, como solução, transforma-la dentro do interior citadino, através de imagens vitalizadas do campo natural, como nesta passagem de “Num Bairro Moderno”:

“E eu recompunha, por anatomia,
Um novo corpo orgânico, aos bocados.
Achava os tons e as formas. Descobria
Uma cabeça numa melancia,
E nuns reponlhos seios injectados”.

A cidade-mulher é montada por “flashes”, uma forma de composição similar à das montagens cinematográficas. Esse processo evolui para a justaposição de imagens fragmentárias e múltiplas. Essa fragmentação refere-se a uma sociedade dividida, onde a noção de progresso se une à de decadência, em que o heróico se justapõe ao anti-herói, a fome à fartura, o delírio, o sonho e a fantasia às opressões da realidade. O poema “O sentimento de um Ocidente” sintetiza essa visão fragmentada, de forma frustadora, como podemos notar nesta estrofe:

“E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os aplos horizontes,
E tem marés, de tal, como um sinistro mar”!

A desilusão do poeta vem de suas próprias limitações históricas. Se ele consegue decompor e recompor o mundo passado e presente, não pode, entretanto, construir materialmente um outro mundo. Este é um modo de o poema expressar a consciência da contradição. E esta é uma forma de resistência à alienação social.

As contradições registradas por Cesário Verde ao nível individual são de sua época. Mais do que o reformismo da perspectiva do Realismo-Naturalismo da “geração de 1870, o poeta registra poeticamente um sistema social sem futuro, que dialeticamente se autodestrói:

“...a época de crise e de tão profundas contradições – vividas por Portugal e todo o Ocidente, no século XIX – ofereceu a Cesário Verde uma multiplicidade de problemas, instabilidades e vivências, oriundas de profundas transformações sociais. É essa época, e o sentimento que ela provoca, que faz de Cesário Verde um espectador e um crítico militante, um lírico amoroso que, através de seu relacionamento com a cidade e com a mulher, expressa contradições que, sendo suas ao nível subjetivo, acabam por refletir e configurar as de nível social”

(Maria Aparecida Paschoalin – A poesia de Cesário Verde: lirismo e realidade social, 1982)


Cesário Verde - Análise do poema "Contrariedades"

From: carlospina,
2 years ago








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DESLUMBRAMENTO

Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal

Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes complicadas!...

Em si tudo me atrai como tesoiro:
O seu ar pensativo e senhoril,
A sua voz que tem um timbre de oiro
E o seu nevado e lúcido perfil!

Ah! Como me estonteia e me fascina...
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
É tão alta e serena como a Morte!...

Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!

O seu olhar possui num jogo ardente,
Um arcanjo e um demônio e iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pêlo dum regalo!

Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana d Áustria mostrava aos cortesãos.

Enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorriso, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como um brilhante.

Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais,
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança, aguçam os punhais.

E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do azul e as andorinhas,
Eu hei de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos – as rainhas!
(fevereiro, 1875)

A DÉBIL

Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te sempre, recatada,
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Neste Babel tão velho e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorreste um miserável,
Eu, que bebia cálices d'absinto,
Que me tomas prestante, bom, saúdavel.

“Ela aí vem!” disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.

Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que o não suspeites!-
Êsse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.

Ia passando, a quatro, o patríarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça;
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.

Adorável! Tu muito naturalidade
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.

Sorriam nos seus trens os titulares;
E ao claro sol, guardava-te, no entanto,
A tua boa mãe, que te ama tanto,
Que não te morrerá sem te casares!

Soberbo dia! Impunham respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar sôbre o teu peito.

Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E d'altos funcionários na nação.

“Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!”
De repente, paraste de batina,
E d'altos funcionários da nação.

“Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!”
De repente, paraste embaraçada
Ao pé dum numeroso ajuntamento.

E eu, que urdia estes fáceis esbocetas,
Julguei ver, com a vista do poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és tênue, dócil, recolhida,
Eu que sou hábil, prático, viril.
(novembro, 1876)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: José Saramago


de Sousa Saramago (Azinhaga, 16 de Novembro de 1922;Morreu em 18 de junho de 2010, em Lanzarote, Espanha ) é um escritor, roteirista, José ornalista, dramaturgo e poeta português, galardoado em 1998 com o Nobel da Literatura. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago é considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.[1]

Nasceu na província do Ribatejo, no dia 16 de novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, é membro do Partido Comunista Português e foi director do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).Morreu em 18 de junho de 2010, em Lanzarote, Espanha.
br (Wikipédia)
FALA DE SARAMAGO SOBRE SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO.
entrevista revista cult ano de 1998.

“Surpreende-me que numa forma quase canônica possam ser escritos romances magníficos, sem rupturas... Claro que há outros romances magníficos que o são por vários motivos, entre eles porque romperam com convenções e com tudo isso. E comecei a escrever com cada coisa no seu lugar: roteiro e tal... Mas eu não estava gostando nada do que estava fazendo. Então, o que aconteceu? Na altura da página 24, 25, estava indo bem e por isso eu não estava gostando. E sem perceber, sem parar para pensar, comecei a escrever como todos os meus leitores hoje sabem que eu escrevo: sem pontuação. Sem nenhuma, sem essa parafernália de todos os sinais, de todos os sinais que vamos pondo aí. O que aconteceu? Não sei explicar. Ou, então, tenho uma explicação: se eu estivesse escrevendo um romance urbano, um romance com um tema qualquer de Lisboa, com personagens de Lisboa, isso não aconteceria. E tenho certeza de que hoje estaria escrevendo esses romances como todo mundo . Talvez bons, talvez não tão bons, mas estaria acatando respeitosamente toda a convenção do que se chama escritura. Mas alguma coisa aconteceu aí: eu havia estado com essa gente, ouvindo, escutando-os, estavam contando-me as suas vidas, o que tinha acontecido com eles. Então, eu acho que isso aconteceu porque, sem que eu percebesse, é como se, na hora de escrever, eu subitamente me encontrasse no lugar deles, só que agora narrando a eles o que eles me haviam narrado. Eu estava devolvendo pelo mesmo processo, pela oralidade, o que, pela oralidade, eu havia recebido deles”.

RESUMO


O conto Embargo, de José Saramago, é uma narrativa ficcional que relata a história de um homem, no tempo do Natal, que cumpri sua rotina diária de sair cedo de casa para o escritório, porém esse dia as coisas fogem da rotina. O insólito e inesperado acontece neste dia o seu carro com a qual vai sempre para o escritório começa a apresentar independência. O homem percebe que o tanque de combustível está acabando e resolve abastecer, quando se depara com um embargo de combustível com restrições severas para o abastecimento, limitando a meio litro por carro, mesmo assim, consegue encher o tanque depois de passar por vários postos de combustível. Sentindo-se aflito o homem circulou pela cidade até o anoitecer preso no carro, ou pelo carro, conduziu o carro, ou deixou-se conduzir, até a gasolina do carro acabar, quando escorregou para fora do carro deitando-se sobre as pedras.
EMBARGO (TRAILER) - a film by António Ferreira - based upon the homonymous story by José Saramago

domingo, 16 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Graciliano Ramos


Escritor alagoano (27/10/1892- 20/3/1953). É um dos expoentes da Geração de 30 do Modernismo. Nascido em Quebrangulo trabalha como jornalista, comerciante e diretor da Instrução Pública de Alagoas. Em 1928, é eleito prefeito de Palmeira dos Índios (AL), mas renuncia dois anos depois. Em 1933, lança seu primeiro romance, Caetés. Na ocasião, mantém contato com escritores da vanguarda nordestina, como José Lins do Rego e Rachel de Queiroz. Em 1934, publica uma de suas obras-primas, São Bernardo. Acusado de subversão comunista em 1936, fica preso por 11 meses no Rio de Janeiro, experiência que narra em Memórias do Cárcere (1955). Quando é solto continua no Rio como jornalista e inspetor de ensino. Na década de 40, filia-se ao Partido Comunista. Com linguagem precisa e preocupação social, sua obra é um exemplo da abordagem da literatura como meio de conhecimento e mudança da realidade, típica da segunda geração modernista. Entre suas obras destacam-se ainda Angústia (1936) e Vidas Secas (1938). Morre no Rio de Janeiro.

INTERTEXTUALIDADE

Lendo “Vidas secas”, ficou-me gravada, na mente, uma frase, um achado de Hemingway, em “The old man and the sea” (O velho e o mar) The man can be destroyed, but never defeated” (“O homem pode ser destruído, mas nunca derrotado”).

“The old man and the sea”, publicado em 1952; Vidas secas, em 1938.

Sem estabelecer paralelos, quase sempre irônicos, vejo uma grande homologia nas posições de Santiago (protagonista de Hewmingway) e de Fabiano (protagonista de Graciliano). Um, personagem da água, o outro, personagem da terra – seca. Um pescador o outro vaqueiro. Figuras comuns, mas, paradoxalmente, epópeicas, não pode ser detido, derrotado, pode ser, sim, destruído, pela ação da natureza ou pelas forças do poder dominante; porém, qual Fênix rediviva, renasce, retorna e, em algum dia, conseguirá se sobrepor aos seus opressores.
Essa a mensagem dos dois grandes demiurgos, dois humanistas, preocupados com os dominados, os usurpados, os perseguidos, os descamisados, os excluídos, os “inempregáveis”. Retratam o drama do povo em face da escalada materialista que envolve todo o mundo capitalista, liberal, neoliberal ou qualquer outro jorgão usado para doirar a pílula da opressão.
E quando teremos um mundo sem opressão? “Suprimi a exploração do homem pelo homem e tereis suprimido a exploração de uma nação, por outra”.
Nos seus romances, nos seus contos, nas suas novelas, nas suas crônicas, nos seus poemas, encontramos a verdadeira História, a História dos vencedores, mas também a História dos vencidos, porque essa só aparece na ficção e na poesia. A história dos proletários e dos campesinos não existe para a história oficial.
Nós, que trabalhamos a literatura, emocionamo-nos quando encontramos uma escritura dessa qualidade estética, preocupada em desvelar a realidade do mundo empírico. E pensamos que nem tudo está perdido...
Pra Ezra Pound, o artista é a antena da raça, e a nação que negligencia as suas percepções entra em declínio; depois de um certo tempo, ela cessa de agir e apenas sobrevive...!

Livro Graciliano Ramos: cidadão e artista, ABEL, Carlos Alberto dos Santos, UNB, Brasilia 1999.

RESUMO



Em capítulos curtos, “Vidas Secas” relata a história de uma família de retirantes nordestinos obrigadas a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. Fabiano, um chefe da família rude, estabelece a família em uma fazenda abandonada. Ali passam a morar. O próprio Fabiano, a esposa Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia, uma companhia inseparável. Em um meio adverso, castigado pela aridez e pela ignorância, Fabiano tenta todas as alternativas para superar as privações, como ganhar o sustento como meeiro de um fazendeiro local, tendo direito à metade da produção. A experiência, porém, é reveladora da exploração do meio do mais fraco pelo mais forte. Certo dia, Fabiano sai para comprar mantimentos e começa a beber em uma venda. Um policial, chamado pelo protagonista de Solado Amarelo, aparece e o convida para jogar baralho, mas durante a disputa Fabiamo briga com o soldado e acaba preso e humilhado. Sinhá Vitória é mais articulada, sabe fazer contas, alerta o marido para o fato de que ele era seguidamente explorado e roubado pelo patrão. Fabiano, porém, não consegue reagir, pois não entende o código dos negócios e mal consegue dialogar com o superior. Mais à frente, Baleia adoece e Fabiano tem a dura tarefa de sacrificar a cachorrinha, mas não consegue e a deixa fugir: em um meio duro, em que os homens parecem se “animalizar”, o bichinho cumpre a trajetória de seus donos e se humaniza, mostrando traços de sofrimento e também de esperança. Por fim, a seca acaba atingindo a fazenda e Fabiano e sua família precisa se mudar mais uma vez, desta vez rumo à cidade grande. Os retirantes partem cheios de esperança de encontrar uma terra de oportunidades.
(Revista Veja, acesso 2008 & Cena do filme Vidas Secas de Nélson Pereira dos Santos)

Questão:

Texto I

(...) la chover. Bem. A catinga ressuscitaria, a semente do gado voltaria ao curral, ele, Fabiano, seria o vaqueiro daquela fazenda morta . Chocalhos de badalos de ossos animariam a solidão.
Os meninos, gordos, vermelhos, brincariam no chiqueiro das cabras. Sinhá Vitória vestiria saias de ramagens vistosas. As vacas povoariam o curral. E a catinga ficaria toda verde.
Lembrou-se dos filhos, de mulher, e da cachorra, que estavam lá em cima, debaixo de um juazeiro, com sede. Lembrou-se do preá morto. Encheu a cuia, ergueu-se, afastou-se, lento, para não derramar a água salobra. (...)
Chegou. Pôs a cura no chão, escorou-a com pedras, matou a sede da família. Em seguida acocorou-se, remexeu o aiô, tirou o fuziu, acendeu as raízes de macambira, soprou-as, inchando as bochechas cavadas. Uma labareda tremeu, elevou-se, tingiu-lhe o rosto queimado, a barba ruiva, os olhos azuis.
Minutos depois o preá torcia-se e chiava no espeto de alecrim.
Eram todos felizes. Sinhá Vitória vestiria uma saia larga de ramagens. (...) A fazenda renasceria – e ele. Fabiano, seria o vaqueiro, para bem dizer seria dono daquele mundo.
Os troços minguados ajuntavam-se no chão: a espingarda de pedemeira. A fogueira estalava. O preá chiava em cima das brasas. Uma ressurreição. As cores de saúde voltariam à cara triste de Sinhá Vitória (...) A catinga ficaria verde.
Graciliano Ramos, Vidas Secas.

Texto II
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água.
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel bandeira , Libertinagem

Considere as seguintes análises dos textos I e II.

I. Ambos os textos contrapõem realidade e imaginação, descrevendo o embate de duas maneiras de vida situadas em pólos opostos.
II. O texto de Bandeira tem por tema a liberdade; o de Graciliano Ramos, a vitória sobre a natureza.
III. O texto I se organiza em parágrafos que alternam duas descrições: a da situação projetada no futuro e a da situação vivida no momento.
IV. O mundo projetado pelo texto II é baseado num novo prazer de viver; o projetado pelo texto I apenas corrige a distorção ocasionada pela natureza cruel, que castiga com a seca.

São corretas as análises:
a) I e II apenas.
b) III e IV apenas.
c) I, II e IV apenas.
d) II, III, IV apenas.
e) I, II, III e IV.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Mario Faustino


Piauiense, de Teresina, iniciou-se como cronista na A Província do Pará, aos 16 anos. Foi bolsista na Califórnia, de 1951 a 1952, estudando a literatura de língua inglesa. Trdutor da ONU, NY, 1959-1960. Autor de um só livro – O Homem e sua Hora (Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1955) e de poemas esparsos, publicados em revistas e jornais. Notabilizou-se como crítico literário no SDJB (Suplemento Dominical do Jornal do Brasil) com a seção Poesia-Experiência, no auge dos movimentos concretista e neoconcretista. Traduziu Ezra Pound ao nosso idioma. Faleceu vítima de um acidente aéreo nos Andes peruanos, em missão jornalística. A Global Editora, de São Paulo, publicou os seus “Melhores Poemas”, selecionados por Benedito Nunes, merecendo várias reimpressões.

INTERTEXTUALIDADE

Faustino explorou como poucos — certamente atingindo resultado único — a chamada intertextualidade, numa definição rápida para tema tão abrangente, é o "diálogo" entre textos e pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica a identificação de remissões a obras ou a textos de outros autores menos, ou mais conhecidos. Reparem, a propósito da intertextualidade e das categorias poundianas, o poema “Ego de Mona Kateudo”, que segue adiante (sirva o texto de caso exemplar para que apenas se comece a entender Faustino, que é o propósito deste texto; impossível ser suficiente nesse caso). Vamos ao poema, que integra o grupo “Sete Sonetos de Amor e Morte”:

Dor, dor de minha alma, é madrugada
E aportam-me lembranças de quem amo.
E dobram sonhos na mal-estrelada
Memória arfante donde alguém que chamo
Para outros braços cardiais me nega
Restos de rosa entre lençóis de olvido.
Ao longe ladra um coração na cega
Noite ambulante. E escuto-te o mugido,
Oh vento que meu cérebro aleitaste,
Tempo que meu destino ruminaste.
Amor, amo, enquanto luzes, puro,
Dormido e claro, eu velo em vasto escuro,
Ouvindo as asas roucas de outro dia
Cantar sem despertar minha alegria.

O título, que Faustino escreve em grego no manuscrito, é uma citação de um verso de Safo de Lesbos, uma de suas referências constantes: “Déduke mèn a selánna/ kái Pléiades; mésai dè/ núktes, parà d’ erchet’ óra,/ égo dè móna katéudo” (“A lua já se pôs, as Plêiades também;/ É meia-noite;/ A hora passa, e estou deitada, sozinha”). A solidão expressa no verso sáfico, que nomina o poema, será então desenvolvida no soneto, cujo título em português seria, na tradução escolhida, “E Estou Deitada, Sozinha”. As palavras que pontuam o poema informam a condição do “eu” cuja dor não pode ser percebida por ninguém: madrugada, lembranças, memória, vento, tempo, escuro. Por mais confessional e passional que se mostre o poema, mantém intacto o eixo de significados. Não pode haver bom poema com seleção ruim de palavras.

Nesse, como em outros poemas, ninguém como Faustino usou tão belamente o enjambement, aquele recurso em que o sentido de um verso, traduzido mesmo por sua complementação sintática, se realiza no verso seguinte: “E dobram sonhos na mal-estrelada/ Memória arfante donde alguém que chamo”. No papel, as rimas estão dispostas ao fim de cada verso, num entrelaçamento que tem história na literatura, mas convencional de qualquer modo. Se o poema for declamado segundo a demanda da sintaxe e do sentido, o que é rima final assume a característica de rimas internas, que, por sua vez, vão se compondo com rimas e assonâncias internas a cada verso, num ritmo vertiginoso: minha alma/ madrugada; aportam-me/ lembranças; dobram/ arfante/chamo.

O ritmo que Faustino impõe a seus versos vai constituindo, por assim dizer, uma espécie de base harmônica sobre a qual ele superpõe uma melodia do estranhamento, que se dá já no terreno das imagens: outros podem ter feito sonetos tão técnicos quanto ele; outros podem ter sido tão rigorosos na escolha do eixo vocabular quanto ele, mas ninguém soube ser tão original na elaboração das figuras, na composição de metáforas de tal sorte únicas, que sua poesia corresponde mesmo a uma verdadeira reeducação da percepção. Vejamos: “aportam-me lembranças”; “mal-estrelada memória arfante”; “braços cardiais”; “noite ambulante”; “vento que (...) aleitaste”; “tempo que (...) ruminaste”; “ouvindo as asas roucas”. Curiosamente, a metaforização que reeduca o ouvido, que instaura um novo sentido para as palavras, também as
devolve a seu sentido original. Em Faustino, o extremo da subjetividade encontra a plena objetividade.

(Texto originalmente publicado na revista Primeira Leitura nº 8, de outubro de 2002, e que integra o livro Contra o Consenso, Editora Barracuda)

Sinto que o mês presente me assassina

Sinto que o mês presente me assassina,
As aves atuais nasceram mudas
E o tempo na verdade tem domínio
sobre homens nus ao sul das luas curvas.
Sinto que o mês presente me assassina,
Corro despido atrás de um cristo preso,
Cavalheiro gentil que me abomina
E atrai-me ao despudor da luz esquerda
Ao beco de agonia onde me espreita
A morte espacial que me ilumina.
Sinto que o mês presente me assassina
E o temporal ladrão rouba-me as fêmeas
De apóstolos marujos que me arrastam
Ao longo da corrente onde blasfemas
Gaivotas provam peixes de milagre.
Sinto que o mês presente me assassina,
Há luto nas rosáceas desta aurora,
Há sinos de ironia em cada hora
(Na libra escorpiões pesam-me a sina)
Há panos de imprimir a dura face
À força de suor, de sangue e chaga.
Sinto que o mês presente me assassina,
Os derradeiros astros nascem tortos
E o tempo na verdade tem domínio
Sobre o morto que enterra os próprios mortos.
O tempo na verdade tem domínio,
Amen, amen vos digo, tem domínio
E ri do que desfere verbos, dardos
De falso eterno que retornam para
Assassinar-nos num mês assassino.

(Mário Faustino. O Homem e Sua Hora e Outros Poemas. Organização de Maria Eugenia Boaventura. São Paulo: Cia. das Letras, 2002)

Questão:
O escritor Assis Brasil pertence à literatura brasileira. A lista abaixo apresenta, respectivamente, escritores da literatura brasileira e obras que também são, com
uma EXCEÇÃO. Assinale-a:

a. ( ) José Saramago; - Conto Embargo.
b. ( ) Mário Faustino – O Homem e sua Hora;
c. ( ) Alphonsus de Guimarães; Canto Geral
d. ( ) Inglês de Sousa; Conto Voluntário
e. ( ) Graciliano Ramos; Vidas Secas

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Alberto Caeiro


Alberto Caeiro

Fernando Pessoa marcou a literatura com a criação de seus heterônimos, uma série de poetas fictícios que possuem sua própria biografia, personalidade integrada. Os mais conhecidos heterônimos criados pelo poeta português são Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Sobre este, Pessoa escreveu. “Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária, morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó. Caeiro adota um estilo simples e sem rebuscamentos de linguagem. Apresenta-se como um homem instinitivo, entregue às sensações, fonte de todo o conhecimento possível. Despreza, por isso, qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar obstrui a visão”. (Leitura Obrigatória, acesso 2008).


O Pastor Amoroso
O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe pira tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.
Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem,
estão presentes.
(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco
nos pulmões)
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor,
uma liberdade
no peito.

Guardador de Rebanhos

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

Questão:
Leia o texto abaixo.
“Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move.
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.”

A leitura do texto nos permite concluir que Fernando Pessoa falava pela voz de:

a)Ricardo Reis, por remeter a temas e formas da poética clássica.
b)Alberto Caeiro, pelo tratamento simples da natureza com a qual se sente intimamente ligado.
c)Álvaro de Campos, que representa o mundo moderno e a vanguarda futurista.
d)Pessoa, ele mesmo, por expressar traços marcantes da poesia do século XX.
e)Bernardo Soares, por adotar uma atitude intimista.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Síntese de Literatura Brasileira



Questão

(UNOPAR-PR) Atente para as seguintes associações de marcas estilísticas a períodos literários.
I. “Ruptura do equilíbrio da vida interior, com o triunfo da intuição e da fantasia” — ROMANTISMO.
II. Inconformismo social, ideais políticos e de liberdade, entusiasmo nacionalista” — PARNASIANISMO.
III. “Grande desejo de expressão livre e tendência para transmitir, sem os embelezamentos tradicionais do academismo, a emoção pessoal e a realidade do País” — MODERNISMO.
IV. “Muito peculiar é o seu vocabulário, adaptado aos temas prediletos da morte, do distanciamento, das cerimônias litúrgicas, das paisagens vagas cheias de cisnes, lagos, luares, envoltas em neblinas e em ressonâncias.” — SIMBOLISMO.
Estão corretas as associações feitas em
a) III e IV.
b) I e IV.
c) I e II.
d) II e III.
e) I, III e IV.

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