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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Pôster



Programação do congresso “Benedito Nunes, pensador brasileiro”
Realização: CCFC - Centro de Cultura e Formação Cristã
Coordenação: Victor Sales Pinheiro
Patrocinadores:
UNAMA
CCBEU
SEMEC
SALES PINHEIRO ADVOCACIA
HOTEL HILTON
RESTAURANTE MANJAR DAS GARÇAS
COLÉGIO ELITE

Local: Auditório David Muffarej da UNAMA – Universidade da Amazônia (Alcindo Cacela, 287 – Belém, PA. Acesso pela galeria de arte)
Datas: 25, 26 e 27 de novembro (quarta, quinta e sexta)
Horário: 15:00 às 18:15 (cursos); 19:00 às 21:45 (palestras e lançamentos)
Entrada franca. Não há inscrição. Serão conferidos certificados aos participantes que os requererem.
Informações: CCFC (www.ccfc.com.br – Tel. (91) 4009-1550) / Victor Sales Pinheiro (vvspinheiro@yahoo.com.br)

25 de Novembro, quarta-feira

- 15:00 às 16:30 – Curso de teoria literária "A crítica de Benedito Nunes", com Jucimara Tarricone (Estácio, SP)
Aula 1: O intérprete hermenêutico: fundamentos do método crítico

- 16:45 às 18:15 – Curso de filosofia “Passagem para o poético: filosofia e poesia em Heidegger, de Benedito Nunes", com Marco Antonio Casanova (UERJ)
Aula 1: A caminho de Ser e tempo: fenomenologia e dasein

- 18:15 – Lançamento do livro Pensamento poético – homenagem a Benedito Nunes (Organizadores Victor Sales Pinheiro e Luiz Costa Lima. Editora Azougue)
Sessão de palestras I: Benedito Nunes e a prosa moderna brasileira: Guimarães Rosa e Clarice Lispector.

- 19:00 às 20:15 – Palestra de Silvio Holanda (UFPA)
“Guimarães Rosa e Benedito Nunes em clave hermenêutica”

- 20:30 às 21:45 – Palestra de Nádia Gotlib (USP)
“Perto de Clarice Lispector – o leitor Benedito Nunes”

26 de Novembro, quinta-feira

- 15:00 às 16:30 – Curso de teoria literária "A crítica de Benedito Nunes", com Jucimara Tarricone (Estácio, SP)
Aula 2: O diálogo crítico: historiografia literária e crítica nacional

- 16:45 às 18:15 – Curso de filosofia “Passagem para o poético: filosofia e poesia em Heidegger, de Benedito Nunes", com Marco Antonio Casanova (UERJ)
Aula 2: Do ser ao tempo: angústia, liberdade, cuidado, temporalidade e historicidade

- 18:15 – Lançamento da Revista Asas da Palavra n. 25 – edição comemorativa a Benedito Nunes (Organizadores Victor Sales Pinheiro e Célia Jacob. Editora UNAMA)

Sessão de palestras II: Benedito Nunes, leitor de poetas brasileiros: João Cabral de Melo Neto e Mário Faustino

- 19:00 às 20:15 – Palestra de Adalberto Müller (UFF)
“João Cabral e Benedito Nunes: um diálogo entre poesia e crítica”

- 20:30 às 21:45 – Palestra de Lilia Chaves (UFPA)
“Benedito Nunes e Mário Faustino: o filósofo e o poeta”





27 de Novembro, sexta-feira

- 15:00 às 16:30 – Curso de teoria literária "A crítica de Benedito Nunes", com Jucimara Tarricone (Estácio, SP)
Aula 3: A construção da linguagem crítica: o conceitual e o metafórico

- 16:45 às 18:15 – Curso de filosofia “Passagem para o poético: filosofia e poesia em Heidegger, de Benedito Nunes", com Marco Antonio Casanova (UERJ)
Aula 3: Do tempo ao ser: a essência da verdade, niilismo, poesia e pensamento.

Sessão de palestras III: O pensamento filosófico de Benedito Nunes.

- 19:00 às 20:00– Palestra de Marco Antonio Casanova (UERJ)
“Poesia e pensamento entre Martin Heidegger e Benedito Nunes”

- 20:00 às 21:00 – Conferência magna de Benedito Nunes (UFPA)
“Meu Caminho na crítica”

21:00 – Coquetel de encerramento, lançamento do livro O dorso do tigre, de Benedito Nunes (3ª edição. Editora 34)


Apresentação:

No mês em que se comemoram os 80 anos do filósofo Benedito Nunes, um dos mais importantes intelectuais brasileiros, este congresso visa apresentar e debater a sua obra, tanto no âmbito da crítica literária quanto no da reflexão filosófica, dado que a melhor maneira de se homenagear um pensador é o estudo das suas idéias. Professores de diversas procedências, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belém, são convidados a pensar o fecundo legado do grande crítico paraense.
Três objetivos centrais inspiram a realização deste evento:
1) Provocar o debate em torno da obra de Benedito Nunes, explorando-lhe a densidade intelectual e localizando-a no contexto da cultura letrada brasileira. Este objetivo é almejado, sobretudo, nas cinco palestras do evento.
2) Apresentar criticamente a obra de Benedito Nunes, relacionando as diversas temáticas que aborda e, principalmente, demonstrando de que modo promoveu a aproximação da literatura e filosofia. Este escopo motiva, principalmente, os dois cursos do congresso.
3) Entender como o próprio Benedito Nunes avalia a sua trajetória intelectual, a dimensão de sua obra e a maneira como a desenvolveu.
Três importantes lançamentos marcam o congresso: o livro em homenagem a Benedito Nunes, O pensamento poético, que reúne uma parcela bastante representativa da intelectualidade brasileira, da crítica literária e da reflexão filosófica, contando com mais de cinqüenta autores, dentre os quais os palestrantes do evento; a edição especial da revista Asas da Palavras, do departamento de letras da UNAMA, dedicada a Benedito Nunes; e a terceira edição de um dos livros clássicos do nosso ensaísmo nacional, O dorso do tigre, de Benedito Nunes.

Sobre os palestrantes:

Jucimara Tarricone é professora de letras na Faculdade Estácio, de São Paulo. Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP (Universidade de São Paulo), com a tese “Hermenêutica e crítica: o pensamento de Benedito Nunes”, a ser publicada pela EDUSP.
Marco Antonio Casanova é professor de filosofia UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Doutor em filosofia pela Universidade de Freiburg, na Alemanha. Notabilizou-se pelos diversos estudos e traduções de Heidegger e Nietzsche.
Silvio Holanda é professor de letras da UFPA (Universidade Federal do Pará), onde coordena o curso de mestrado. Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo e pós-doutor em Estudos Românicos pela Universidade de Lisboa.
Nádia Gotlib é livre-docente da USP (Universidade de São Paulo). Autora, dentre outros livros, de Clarice: Uma Vida que se Conta (Ática, 1995) e Clarice – Fotobiografia (IMESP, 2009).
Adalberto Müller (UFF) é professor de letras na UFF (Universidade Federal Fluminense). Doutor em Letras pela USP (Universidade de São Paulo) e pós-doutor na Universidade de Münster, na Alemanha. É professor visitante de Cinema da Université Lumière, em Lyon, na França. Tradutor e ensaísta, organizou e prefaciou João Cabral: a máquina do poema (Ed.UNB, 2007), de Benedito Nunes.
Lilia Chaves é professora de letras da UFPA (Universidade Federal do Pará). Doutora em Estudos Literários pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Autora de Mário Faustino: uma biografia (Secult/Iap/Apl, 2004).
Benedito Nunes é professor emérito da UFPA (Universidade Federal do Pará). Autor de numerosos livros, dentre os quais Introdução à filosofia da arte, Oswald Canibal, O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispector, Passagem para o poético – poesia e filosofia em Heidegger, No tempo do niilismo e outros ensaios e Crivo de Papel. Em 1987, recebeu o Prêmio Jabuti de estudos literários.

Público:
O evento destina-se a todos os interessados na cultura brasileira, sua literatura, história e intelectualidade, aos estudiosos e apreciadores de literatura, filosofia e ciências humanas em geral, juristas, sociólogos, historiadores, jornalistas, publicitários e artistas. Com entrada franca.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pesquisa Geolingüístico

Importância
do Método de Pesquisa Geolingüístico
no resgate de valores sócio-culturais

Márcia Regina Teixeira da Encarnação (USP)


Considerações iniciais

Segundo Vilela (1994: 6), o léxico é a parte da língua que primeiramente configura a realidade extralingüística e arquiva o saber lingüístico duma comunidade. Avanços e recuos civilizacionais, descobertas e inventos, encontros entre povos e culturas, mitos e crenças, afinal, quase tudo, antes de passar para a língua e para a cultura dos povos, tem um nome e esse nome faz parte do léxico. O léxico é o repositório do saber lingüístico e é ainda a janela através da qual um povo vê o mundo. Um saber partilhado que apenas existe na consciência dos falantes duma comunidade.


O método de pesquisa geolingüístico

O método geolingüístico torna os estudos dialetológicos mais precisos, pois nos permite penetrar no domínio dos falares vivos e interpretá-los com maior segurança. Visa à descrição de uma realidade dialetal que posteriormente poderá se tornar instrumento de análise para conclusões sobre a realidade lingüística em foco. ou ainda constituir-se em um subsídio para a compreensão da história de determinada região, abordada não só por lingüistas, mas também por estudiosos que se interessem em documentar fatores que explicam e documentam o passado com rigor científico. Serve para coletar, com bases geográficas, importante material de pesquisa para a interpretação histórica de fatos da língua.

Nas etapas anteriores à aplicação do método, ao definirmos a pesquisa, fazemos as seguintes indagações: a quem perguntar – os sujeitos, onde perguntar – os pontos, o que perguntar – o questionário, quem irá perguntar – o pesquisador, como serão coletadas as respostas – gravador e onde essas serão documentadas – as cartas temáticas.

Abordaremos brevemente cada um desses tópicos, a fim de mostrar cada etapa de elaboração da pesquisa geolingüística.


Sujeitos

Na orientação estabelecida pela Geolingüística, chamamos sujeito o indivíduo que responde o questionário e que fornece os dados que constituirão o corpus da pesquisa. Os dados sobre os sujeitos são recolhidos em uma ficha em que consta: o ponto, designando o local em que ele mora; as iniciais do nome completo do sujeito; o sexo: M para masculino e F para feminino; a idade expressa em algarismos arábicos; o estado civil; a profissão e o rendimento salarial mensal, expresso em salários mínimos. O sujeito deve ser natural da localidade ou lá ter residido três quartos de sua vida, quando procedente de outra região. E ainda, a fim de evitar interferências lingüísticas, que poderiam resultar do contato pessoal do sujeito com outras regiões e, de acordo com o AliB – Atlas Lingüístico do Brasil – evitaremos sujeitos cujas profissões os obriguem a grandes mobilidades.


Os pontos lingüísticos

Numa pesquisa dialetológica, denominamos ponto lingüístico a cada uma das localidades em que se recolhem os dados de natureza lingüística. Na fase de planejamento, se faz o levantamento da área a ser pesquisada, a fim de se conhecer os aspectos geográficos, históricos e socioeconômicos e alguns fatores que abranjam as peculiaridades do local em que vivem os sujeitos.


O questionário

Dá-se o nome de questionário ao instrumento utilizado para recolher os dados lingüísticos nas pesquisas de campo. Para a sua elaboração, segundo o texto de apresentação do ALiB, foram considerados estudos de diferente natureza existentes sobre o português regional do Brasil, os questionários dos atlas já publicados e aqueles disponíveis dos atlas em andamento, e também os questionários de AliR– Atlas Linguistique Roman e do Atlas Lingüístico-Etnográfico de Portugal e Galiza. Foram também examinados os resultados cartografados nos atlas nacionais.

Para o estudo de natureza lexical é aplicado o Questionário Semântico-Lexical (QSL), que tem como objetivo documentar o registro coloquial do falante, procurando retratar as formas de emprego mais gerais da comunidade pesquisada. Recortado em campos semânticos, os lexemas obtidos como respostas dos sujeitos constituirão o material de análise para a pesquisa.


Entrevista e coleta de dados

Seguindo o roteiro do questionário supracitado, as entrevistas induzidas serão feitas no habitat do sujeito. Acredita-se ainda que, para se assegurar uma melhor qualificação ao trabalho pretendido é conveniente o contato direto entre sujeito e pesquisador, para que, dessa forma, possam ser dirimidas dúvidas existentes nas perguntas ou nas respostas dadas e ainda, poderá perceber melhor alguns fatores que poderão ocorrer durante a entrevista e posteriormente relatar ocorrências que poderão ser consideradas pertinentes para a elaboração do corpus do trabalho.


As cartas

Elaborar as cartas é retratar a distribuição das lexias nos determinados pontos estudados, é dar forma física ao conteúdo das entrevistas, é retratar, espelhar as diferentes realidades diatópicas lingüísticas encontradas, enfim, é documentar o falar do sujeito. Coseriu (1982:83) utiliza a palavra ‘mapa’ para referir-se à carta lingüística e esclarece que os mapas lingüísticos servem para mostrar a variedade de estudo que a pesquisa da fala pode proporcionar.


Uma abordagem de aspecto semântico-lexical

Aplicamos o método de pesquisa geolingüístico na região do litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil, mais especificamente em comunidades isoladas do município de Ilhabela, e mostraremos aqui uma breve análise semântico-lexical feita em uma amostra.

No QSL, a questão 3 do Campo Semântico 2, intitulado Fenômenos Atmosféricos traz a seguinte indagação: (Como se chama) “...uma luz forte e rápida que sai das nuvens, podendo queimar uma árvore, em dias de mau tempo?”. O Comitê Nacional do Projeto ALiB aponta raio como provável resposta a essa questão. Entretanto, em nossa pesquisa, obtivemos fuzil com o menor número de variações e como resposta para todos os sujeitos entrevistados, ou seja, 100%, sendo 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino. Por isso, escolhemos a lexia fuzil para a apresentação dessa análise semântico-lexical. O termo lexia deve-se ao lingüista francês Bernard Pottier, sendo o nome geral para qualquer unidade lexemática. À menor unidade lexemática, Pottier denomina lexia simples.

Fuzil é uma lexia simples que nos remete a uma série de significados, quando não está manifestada no discurso-ocorrência do sujeito de nossa pesquisa.

Nossa intenção nessa análise é buscar a relação parassinonímica que existe entre a variável fuzil e outras de significação afim que apareçam em dicionários específicos, em dicionários gerais e em citações de cunho literário. Consiste em buscar o sema de relação de sentido entre dois vocábulos de significação muito próxima que permite muitas vezes que um seja escolhido pelo outro em alguns contextos, sem alterar o sentido literal da sentença como um todo. Começamos, então, a examinar o verbete fuzil em alguns dicionários.

O Dicionário Houaiss explica que etimologicamente fuzil é proveniente do latim vulgar focile, derivado do latim focus,i 'fogo', provavelmente abreviatura de focilis petra – 'pedra de fogo'. Por analogia, mesmo que relâmpago ('clarão repentino'). O mesmo se dá no Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, século XXI, versão 3.0, em que encontramos: Fuzil-substantivo masculino, proveniente do francês fusil. Relâmpago.

Tomemos então o sentido de analogia como relação ou semelhança entre coisas ou fatos: Se fuzil e relâmpago possuem uma relação análoga de significados, podemos buscar o sentido da lexia “relâmpago” para procurarmos definir fuzil na acepção proferida pelos sujeitos.

No Dicionário de Términos Geográficos (1978:391) temos a seguinte definição para relâmpago: “iluminação difusa, semelhante a um manto de luz, produzida por uma descarga elétrica em uma nuvem ou entre duas nuvens”. Além do significado apresentado anteriormente, encontramos, ainda, no dicionário Aurélio Buarque de Holanda, século XXI, versão 3.0, a etimologia, “De re-+ o radical latino de lampare, 'fulgir', 'brilhar' e depois a explicação do verbete: “luz intensa e rápida produzida pela descarga elétrica entre duas nuvens, e que, geralmente precede o ruído do trovão. [Cf. raio (4).]”.

Examinemos também o Dicionário Caldas Aulete (1958: 4336) que traz a seguinte definição: “s.m. luz rápida e brilhantíssima proveniente da descarga elétrica entre duas nuvens ou entre uma nuvem e o solo; clarão que precede ou acompanha o trovão”.

Vemos, então, que se trata de uma relação de parassinonímia definida em função da implicação recíproca, ou seja, em função da equivalência: Se uma frase, F1, implica a frase F2 e se F2 implica F1, podemos dizer que são frases equivalentes:

F1 É F2 e se, F2 É F1, então F1 º F2,

Em que É significa “implica” e º significa “equivalente a”.

Se as duas frases equivalentes diferem uma da outra apenas pelo fato de uma ter a unidade lexical x, e a outra tem y, então podemos dizer que x e y são parassinônimas.

Nas citações:

Por momentos um cúmulus compacto, de bordas acobreado-escuras, negreja no horizonte. Deste ponto sopra, logo depois, uma viração, cuja velocidade cresce rápida, em ventanias fortes. A temperatura cai em minutos e, minutos depois, os tufões sacodem violentamente a terra. Fulguram relâmpagos; estrugem trovoadas nos céus já de todo bruscos e um aguaceiro torrencial desce logo sobre aquelas vastas planícies. (Euclides da Cunha: 1929)

Os aguaceiros continuavam furiosos. O vento, os fuzis, os trovões não tinham a menor intermitência (Virgílio Várzea, Nas Ondas, 1910: 30).

Podemos perceber que nos textos, as lexias “relâmpagos” e “fuzil” estão empregadas com o mesmo valor semântico e que ambas remetem ao mesmo significado que se encontra no campo semântico 2 –fenômeno atmosférico.

No texto de Euclides da Cunha aparece ‘Fulguram relâmpagos; estrugem trovoadas”, em que fulgurar quer dizer emitir ou refletir luz, brilho intenso; luzir, brilhar, resplandecer, e esse precede a lexia trovoadas; ou seja, primeiro o clarão, depois o estrondo.

No texto de Várzea aparece “o vento, os fuzis, os trovões”, uma gradação que mostra as seqüências idênticas à anterior, primeiro os fuzis, refletindo luz, e depois os trovões, trazendo o estrondo.

Além desses, podemos incluir a lexia raio, na nossa análise por ser sugerida como resposta pelo ALiB e que mantém a mesma relação de parassinonímia com as lexias fuzil e relâmpago quando empregada num mesmo contexto. No Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, século XXI, versão 3.0 temos: Raio. Do latim radiu, por via popular. Descarga elétrica entre uma nuvem e o solo, acompanhada de relâmpago e trovão. Encontramos a seguinte citação:

Um raio
Fulgura
No espaço
Esparso,
De luz (G.Dias, Obras Poéticas, II, p. 229)

O autor Virgílio Várzea (1862-1941) que utiliza o verbete fuzil, assim como os sujeitos da nossa pesquisa estabelecem uma relação entre a escolha da lexia fuzil e a proximidade com a vida no mar. Ao estudarmos a temática de sua obra, vimos que está relacionada predominantemente ao mar, com o qual teve afinidade desde a infância. O escritor foi o primeiro na América Latina a se ocupar atentamente do mar, personagem central de toda sua obra. A vida no mar, as aventuras marítimas, a perícia no navegar, a atividade pesqueira, mas também os perigos do mar traiçoeiro são os temas fundamentais da maior parte de suas narrativas. Em função de sua experiência como marinheiro, tornou-se capaz de falar sobre o mar com muita autoridade e riqueza de detalhes. A dependência quase determinista de muitas personagens a seu meio ambiente revela a afinidade do autor com o modo de vida caiçara.

Concluímos que essa proximidade da temática do autor com o modo de vida dos sujeitos da nossa pesquisa faz com que ocorra homogeneidade na escolha da lexia fuzil.

A equivalência a que nos referimos quando tratamos da parassinonímia estende-se à equivalência diatópica: as isoglossas, nesse caso, apontam semelhanças em espaços geográficos, e aqui temos isoglossas diatópicas.

Ou seja:

Espaço geográfico Determinada lexia

↓ ↓

Proximidade com o mar Fuzil


Considerações finais

Ressaltamos que é no léxico de uma língua natural que está retratada a herança dos signos recebidos. Ao nos debruçar sobre os fenômenos mais diretamente ligados ao uso que os falantes fazem da língua e nas determinadas regiões em que eles ocorrem, surgem novos campos de reflexão e de pesquisa. Segundo Bakhtin (1997), todo símbolo é ideológico e a ideologia é um reflexo das estruturas sociais de uma determinada sociedade e toda modificação da ideologia acarreta uma modificação da língua. E ainda, a língua não existe fora de um contexto social, pois o falante pensa e se expressa para um público definido num determinado contexto e é nessa maneira peculiar de expressão que se espelha o saber lingüístico, os costumes, os valores, enfim, a cultura de um povo.


Referências bibliográficas

ALIB –Atlas lingüístico do Brasil – Questionário, 2001.

AULETE, Francisco Caldas de. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa em 5 volumes. 5ª ed. brasileira. Rio de Janeiro: Dele, 1958.

BAKTHIN, Mikhail Mikhailovitch. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução: LAHUD, Michel et al. 9ª ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

CARDOSO, C. e S. F. A dialetologia no Brasil. São Paulo: Contexto, 1994.

COSERIU, E. Sincronia, diacronia e história. Rio de Janeiro: Presença; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1979a.

––––––. Lições de lingüística geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico novo Aurélio século XXI. Versão 3.0-PC. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

HOUAISS, Antonio et al. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LYONS, J. Introdução à Lingüística Teórica. Trad. De Rosa Virgínia Mattos e Silva e Hélio Pimentel, São Paulo: Cia. Ed. Nacional; Universidade de São Paulo, 1977.

MONKHOUSE, F. J. Diccionario de términos geográficos. Barcelona, 1978.

POTTIER, B. Lingüística geral: teoria e descrição. Tradução de W. Macedo. Rio de Janeiro: Presença, 1978.

VILELA, M. Estruturas léxicas do português. Coimbra: Almedina, 1979.

––––––. Estudos de lexicologia do português. Coimbra: Almedina, 1994

www.coltec.ufmg.br/alunos/210/raios/boca.html. Disponível em 05/08/04.

EXEMPLO: A VARIAÇÃO NA VIBRANTE FLORIANOPOLITANA:UM ESTUDO SÓCIO-GEOLINGÜÍSTICO

EXEMPLO:VARIAÇÃO LEXICAL E FONÉTICA NA ILHA DO MARAJÓ

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acesso 13 de outubro de 2009

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