terça-feira, 28 de maio de 2013
CONTO: Madame Zoraide
Marcus Demóstenes tomou a mais nobre decisão de sua vida. Depois de ter lido a maioria dos cânones da Literatura Brasileira, do “boca do inferno”, passando pela leitura de Marília de Dirceu, deleitando-se com o romantismo de Gonçalves Dias, até chegar na leitura de Machado de Assis escritor que o encantou. Estava na idade da razão, quando leu “A Ressurreição”, obra que iria marcar sua vida.
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Na faculdade de psicologia leu “para viver um grande amor”, texto de Vinícios de Moraes, responsável em colocar o ponto final em seu princípio que consistia em ser um homem de uma só mulher. Respondia a todos que o indagavam:- Por que não tinha namorada? – Ser de muitas mulheres não tinha nem um valor. E para os que o chamavam de homossexual, respondia:- Conheça-me primeiro fará juízo seguro.
Sempre lembrava-se do livro de Machado, as jovens mandavam-lhe correspondência amorosas, declarações como as cantigas de amor medieval, ele compreendia que elas confundiam sua nobreza, sua doçura e suas boas intenções com seu libido sexual. Seu encanto para com elas era tamanho que poderia assumir uma postura de Dom Juan. Mas não, o vez, o personagem de Machado tinha lhe ensinado: “não adiantava ter todas e nem uma”, teria uma vida vazia. Preferia acreditar existir dentre todas uma que seria sua senhora por todo sempre.
Sua vida a partir dessa decisão de ser um homem de uma só mulher passou a ser dividida pelas mulheres que o tentavam provocando mesmo o seu ego e seus colegas que zombavam de seu princípio, mesmo assim procurava e apesar de jamais encontrar. Seus amigos não compreendiam sua postura, mas Marcus sabia que ela estava em algum lugar. Certo dia veio a sua memória as indagações: O que fazer? Como deveria fazer? Onde a encontraria?
Esse questionar para si começou a ser freqüente chegando a perturbar sua consciência. Toda a psicologia que estudara na faculdade não estava adiantando. Tomou a decisão de contar para uma amiga sua sina, seu princípio e as perguntas que passaram a perturbar sua consciência. Ela o orientou que não se tratava de um princípio, mas sim de uma premissa de seu eu para si mesmo e que deveria ir a uma cartomante. Um oráculo cabalístico para poder ser orientado melhor e assim garantir uma luz em seu caminho. Ela o explicou como via sua situação:- Estais caminhando meu amigo no escuro e precisa dessa orientação, pois, assim saíras das trevas onde te encontras agora perdido sem horizonte de expectativa. Ele não ficou convencido acreditava ser sua ciência maior que qualquer misticismo mais mesmo assim anotou o número telefônico, prometendo ligar.
Depois de uns dias, buscando sem encontrar, olhando sua agenda telefônica os números das moças que havia conhecido durante esses tempos, apareceu o telefone de Madame Zoraide como era chamada à senhora mística que viria a iluminar seu caminho. Pensou vou ligar agora mesmo.
-Olá, boa tarde gostaria de falar com Madame Zoraide.
-É ela, sobre o que se trata.
-Fui orientado a ir com a senhora, pois teria respostas para minhas dúvidas.
-Sim, posso ajudar. Meu endereço é Rua dos Tamoios, Vila Cinco irmãos casa 03.
Anotou o endereço, o dia e a hora de sua consulta. O enamorado que até então era de todas e de nem uma, apresentou-se na hora e no local marcado. Foi confiante, e nem pensava em duvidar de uma palavra se quer do oráculo. Já havia sido orientado por uma pessoa de confiança, isso bastava.
A consulta durou cerca de uma hora. A análise do “livro de páginas soltas”, como Madame Zoraide chamava sua ferramenta de trabalho, deu-lhe uma orientação para o futuro a suas perguntas: O que fazer? Como deveria fazer? Onde a encontraria?
Esses questionamentos levou a uma leitura do tarô por Madame Zoraide de seu futuro, assim, disse ela: -Segue um caminho até encontrar-te numa encruzilhada, perguntar-te-á qual caminho seguir, o da direito ou o da esquerda, perguntarás para um velho e ele te dirá o melhor caminho a seguir. Dizendo mais: – Quando ofereceres teu dinheiro achará que está duvidando de sua palavra e de sua boa fé, esse senhor recusará teu dinheiro e acrescentará, quando voltares eu estarei aqui, lembre de mim.
Saiu da consulta e seguiu seu caminho a procurar sem nunca encontrar. Passaram-se dias, meses e anos e nada. Foi quando num repente tudo se revelou, estava andando quando uma moça jovem e bonita luziu em sua frente. Parada olho-o de ponta a cabeça e perguntou qual caminho deveria tomar para chegar até Em Almeirim. Então viu-se numa encruzilhada, olhou para a direita olhou para e a esquerda. Ficou embaraçado, entretanto conseguiu em sobressaltos falar:
– Por que está indo para lá?
A moça com emoção respondeu estar indo visitar sua mãe que estava muito doente e precisava de sua companhia. Marcus disse-lhe que deveria tomar o caminho da direita. A moça estendeu um dinheiro para lhe retribuir a ajuda. Ele não aceitou, mas deu-lhe seu telefone para que ligasse. No outro dia a morena de olhos d’água, que tinha luzido em sua frente, ligou e marcaram um encontro. Assim deu-se o princípio de uma relação amorosa que duraria por toda a vida.
sábado, 18 de maio de 2013
PORTUGUÊS DO BRASIL versus PORTUGUÊS DE PORTUGAL: querelas
Defesa da Língua Brasileira Nacional
RIBEIRO (1933)
A Língua Nacional:
Esse texto tem caracteristica de uma exaltação à alma e ao espírito brasileiro, libertos,
via língua, das amarras que prendiam ao reino português. (pg. 87)
“Parece todavia incrível que a nossa Independência ainda conserve essa algema nos
pulsos, e que a personalidade de americanos pague tributo à submissão das palavras.
(...)
1 A nossa gramática não pode ser inteiramente a mesma dos portugueses. As
diferenciações regionais reclamam estilo e metodo diversos.
2· A verdade é que, corrigindo-nos, estamos de fato a muktilar idéias e sentimentos que
nos são pessoais.
3· Já não é a língua que apuramos, é nosso espiritoque sujeitamos a servilismo
inexplicavel.
4· Falar diferentemente não é falar errado. (...)
5· Na linguagem como na natureza, não há igualdades absolutas; não há, pois,
expressões diferentes que nã correspondam tambem a idéias ou a sentimentos
diferentes.
6· Trocar um vocabulo, uma inflexão por outra de Coimbra, é alterar o valor de ambos
a preço de uniformidades artificiosas e enganadoras. (...)
7· Não podemos, sem mentira e sem mutilação perniciosa, sacrificar a consciencia das
nossas proprias expressões.
8· Corrigi-las pode ser um abuso que afete e compromete a sensibilidade imanente a
todas elas.
9· Os nossos modos de dizer são diferentes e legitimos e, o que é melhor, são imediatos
e conservam, pois, o perfume do espirito que os dita”.
Nota: Ribeiro deixa de ser neutralidade cientifica, para expressar sua clara posição
apaixonada à unidade brasílica do português americano.
JOSÉ PEDRO MACHADO
O português do Brasil:
1 Sua obra tem característica de não exarcebação e de veemência a língua portuguesa.
“Os patrioteirismos, sempre deslocados, devem ser postos de parte, assim como os
brasileiros lusofilos em excesso e os portugueses de espíritos dissolente, enfim,
afastemos todos os que não tenham condições para meditar à frio”.
2 Sobre a língua brsileira nacional e sua individualidade
“Lembro que o nome do ilustre académico não é, nem pode ser, desconhecido. Trata-se
de um poeta 8, cuja glória foi coroada com aquêle admirável Martin Carerê, dedicado
ao Brsil-menino. Nessas pagínas, ao lado da simplecidade tão bela, aparece-nos um
português razoável.
Por isso, ocorre perguntar: Por que não emprega o delicado poeta nas suas obras uma
língua absolutamente diferente da minha (pergunta)
Além de justificar a existência do 'dialecto dignificado', tornava-se coerente com teor
do discurso feito na academia brasileira”. (Ênfase acrscida pelo autor)
CÂMARA JUNIOR
“Como quer que seja, as discrêpancias de língua padrão entre Brasil e Portugal não
devem ser explicadas por um suposto substrato tupi ou por uma suposta profunda
influência africana, como se tem feito às vezes. resultam essencialmente de se achar a
língua em dois territórios nacionais distintos e separados.
A partir do período do português popular e dialetal do Brasil é, naturalmente, outro.
Nele podem ter atuado substratos indígenas, não necessariamente, tupi, e os falares
africados, na estrutura, na estrutura fonológica e garmatical. Também se verificaram,
por ouro lado, sobrevivências de traços portugueses arcaicos, que não se eliminaram
de áreas isoladas ou laterais em relação às grandes correntes de comunicação da vida
colonial. A imensa vastidão do território brasileiro e as modalidades de uma
exploração intermitente e caprichosa já propiciavam, aliás, por si sós, uma complexa
dialetação, que ainda está por estudar cabalmente”.
CONCLUSÃO DAS TRÊS POSIÇÕES SOBRE A LÍNGUA NACIONAL
Câmara Junior advogou, como vimos, a inevitabilidade da diferenciação entre os dois
sistemas, pois cada um deles, em território diverso, continuou a sua história natural. João
Ribeiro e Cassiano Ricardo apregoaram a independência lingüística do sistema
brasileiro, portanto, a diferenciação a fim de garantir a individualização do idioma (ou
de um idioma) nacional brasileiro. José Pedro Machado garantiu e defendeu a unidade da Língia brasileira.
Referência feita ao poeta Cassiano Ricardo, a sua leitura feita no dia 30 de janeiro de 1941, na
Academia Brasileira de Letras, institulado “A Academia é a língua brasileira”.
lingüística do português, ficando a língua brasileira de João Ribeiro e de Cassiano
Ricardo reduzido a um dialeto da língua portuguesa (de Portugal).
TEMPOS LINGÜÍSTICOS: Itinerário histórico da língua portuguesa.
TARALLO, Fernando, ed. Ática,1990.
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Caminhando pensei em minha esposa que mesmo tendo lhe agraciado com tudo do mundo. Ela me responderia: - Tem mais alguma coisa, além disso.