A TRAVESSIA DO IGARAPÉ
Certo dia, estava andando pela rua e dei me comigo, esperando o canoeiro para fazer a travessia do igarapé. Lugar de certa secura e de sol no fim da tarde vermelho, a pisará ofuscava sempre minha visão do mundo de cá. Estava eu a esperar quando o transporte chegou. O piloto logo falou:
- Aribá seu. Subi como sempre sem pestanejar, no entanto dei-me a perguntar:
- Qual é a estória. O senhor esbugalhou os olhos e disse vou lhe contar:
- A Dona Jaci sabe seu moço, estava a limpar sua casa quando o velho seu esposo deu-se a descansar na rede, deixando a chave do baú de toca. Seu moço disse o canoeiro com uma voz assombrada. O que me fez logo perguntar:
- O que foi homem conte-me. O senhor remava sem presa continuando a contar:
- Aquela chave seu moço guardava o segredo do velho, que sua senhora num tinha sabido, era o segredo, “o que o deixava vivo”, era apenas o que dizia quando o interrogava sobre sua chave presa no estribilho da cabula. Ela sabe, seu, agoniava-se para descobri esse segredo. Até esse dia, quando deu-se de frente com a oportunidade, pegou a chave e abriu o baú velho de seu velho e viu que lá dentro tinha uma garrafinha um bunequino do dito, era pretinho, com os olhos vermelhos, pés de bode, corpo de gente e laço vermelho no pescoço. Nesse momento subiu-me um calafrio pelo modo sussurrante como contava o que me fez disser:
-Tá me botando medo. E o piloto disse sorrindo para o lado:
-Não, ouça foi dagora, olhe essa senhora pegou a garrafa e destampou, quando o dito pulou de dentro, assumindo forma grande e com um sorrizinho exclamava: -Saí! Consegui saí! Já com forma maior ia pulando a janela para ganhar o mundo quando a Jaci num repenti chamou-o: Vem, cá. Vem, cá, logo. Onde tu pensa que tu vai. Volta para dentro logo. Senhor viajante sabe que o dito parou e voltou-se para ela dizendo: - Num volto. Sai é num volto. Quando ela respondeu: - Trata de voltar eu que te liberei, bora volta quero vê se é homem mesmo. Ele, senhor, ficou com os olhos em brasas e disse, -num vouto, ela então com tom de autoridade disse: - volta, sinão. O que fez ele parar com seu sorrizinho fino e gaguejante e disse: - Volto mesmo. Ela respondeu volta então quero vê. Então foi que ele diminuiu-se e pluft dentro da garrafinha de cachaça, a Dona Jaci colocou a rolha botou a garrafinha de volta e fechou o baú e continuou a varrer a casa.
-Meu Deus! Disse-lhe logo que terminou, chegávamos ao destino, essa foi pesada. Ele respondeu.
- Sabe viajante a desgraça que esse porco vai viver eternamente e sua condição.