A IDÉIA CONSTRUTIVISTA DE JEAN PIAGET
O homem nasce com a “vocação” para conhecer o mundo e interpretálo,
em suma, para aprender. Esta máxima parece ser bastante coerente com as idéias
piagetianas. Mas a Epistemologia Genética - nome pelo qual é conhecida a teoria de Piaget - não se limita a crer nisso, busca, sim, entender como isso se dá, e para tanto parte de outra afirmação cabal: o homem aprende porque é um ser cujo funcionamento cerebral permite estabelecer relações que, partindo as mais elementares experiências do cotidiano, chega às relações lógico - matemáticas e às construções científicas.
As relações construídas no viver humano é que possibilitam o desenvolvimento da aprendizagem, pois englobam objeto e ação do sujeito na dinâmica da vivência cotidiana. Esta cumpre o papel de garantir, pela ação, a inserção do objeto nas
estruturas do sujeito, já contidas no genoma enquanto possibilidade, mas não totalmente programadas. As estruturas específicas para o ato de conhecer são chamadas por, Piaget, de estruturas mentais. Tais estruturas consolidam seu papel no aprender somente na ocorrência da interação social, pois “no que se refere às estruturas mentais, o orgânico já pressupõe o meio” (RAMOZZI-CHIAROTTINO, 1988, p.9).
As trocas entre organismo e meio, ou seja, as interações contínuas entre o endógeno e o exógeno, não são apenas condições necessárias para a aprendizagem, mas possibilitam a própria “construção” dessas estruturas propiciadoras do aprender. É na
ação do indivíduo no mundo que se concretiza essa vocação peculiar ao ser humano.
O ato de inserir o objeto do conhecimento no mecanismo mental é a capacidade de reunir partes num todo organizado, formando assim sistemas de relações. O raciocínio sobre hipóteses e a capacidade de estabelecer relações entre relações é o caminho
natural do desenvolvimento e da aprendizagem.
A convicção de que tal caminho percorre estágios sucessivos e dinâmicos ao longo do desenvolvimento orgânico e cronológico marcou decisivamente o conjunto de idéias defendidas pela Epistemologia Genética de Jean Piaget, a ponto de ser erroneamente considerada o ponto alto ou mais importante da mesma. Esse equívoco se agrava se interpretarmos os referidos estágios como etapas estanques e presas ao aspecto cronológico, (o que conta é a seqüência e não a idade da criança) e mais ainda se, por conseguinte, perdermos de vista a troca entre organismo e meio como ação determinante para o desenvolvimento cognitivo, pois as estruturas mentais “sendo orgânicas, não estão programadas no genoma; sua construção vai depender das solicitações do meio” (ibidem, p.9).
Prof Mrs. Sandro Cavalcante,"AVALIAÇÃO CONSTRUTIVISTA: BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS", ULBRA - Santarém, Pará)
Nota:Com grande satisfação que o Instituto de Língua Viva, divulga um texto do brilhante trabalho sobre a avaliação numa abordagem construtuvista, do Mrs Sandro Cavalcante, Ulbra - Sanatrém Pará.