O ENSINAMENTO
O diálogo conserva o curso da dialogação, dependendo da maiêutica, põe, no começo, os contendores ocupando posições distintas, uns Mestres que ensinam, outros como Discípulos que deles aprendem.
Confusão: hoje tendemos a embaralhar essas posições, confundindo a relação entre Mestre e Discípulo com o nexo que Hegel estabeleceu entre Senhor e Escravo.
Verdade: Mas o que se passa na meiêtica, um procedimento oral de pergunta e resposta, inventado por quem foi, como Sócrates, que nada escreveu, um pensamento de voz e não de texto?
Ela manifesta A PRETENSÃO de nada ensinar a não ser o princípio de que qualquer um só pode aprender pelos seus próprios meios. O professor é como a parteira da imagem socrática: ele ajuda a partejar a ideia, a fazer nascer a conceituação no Discípulo, que só vem à luz quando, auxiliado pelo professor, pelo Mestre, seu oponente, o Discípulo a retira de seu espirito – como se diria Socrátes recorresse a uma lembrança – à custa de um esforço intelectual próprio, que o antagonista estimula e por obra do qual descobre por si mesmo o caminho da verdade, de que o Mestre não tem a posse. Se tivesse, o Mestre estaria para o Discípulo assim como o Senhor está para o Escravo a quem domina.
Dessa forma, ensinar Filosofia não é professar uma doutrina determinada, mas, conforme o velho Kant, ensinar a filosofar, o que significa transmitir a aptidão de pensar a razão ou o fundamento de qualquer concepção, doutrina ou sistema. Só se transmite essa aptidão a outrem se também se é capaz de aprender dele – do que afirma ou refuta com o auxílio de bons argumentos.
O ENTENDIMENTO
O entendimento é comum, compartilhado, ou a razão perde a sua autoridade, e a verdade, professada pelo filósofo, decai para o estado de aceitação autoritária, instrumentando o poder de quem a preofessa.
CONCLUSÃO
Forçoso é concluir, portanto, que a meiêutica alterna as posições do Mestre e do Discípulo, distintas e antagônicas no começo da dialogação, até que Mestre e Discípulo possam caminhar juntos, num symphilosophieren, num filosofar em comum, quando quem ensina também aprende e quem aprende ensina. Portanto, o diálogo como forma literária, que reincorpora a dialogação na dialética, conforma a conaturalidade entre ensino e Filosofia.
(pg. 161 à 163)
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