quarta-feira, 26 de setembro de 2012
TIPO DE TEXTO: CRÔNICA
A crônica é um texto curto em prosa que mistura fatos reais com acontecimentos pessoais. Esse tipo de texto posse ser escrito tanto em linguagem pessoal como em linguagem impessoal, depende do escritor. O importante é que seja consistente ou predominante em uma mesma linguagem. As histórias presentes na crônica podem variar do real ao imaginário, ou seja, um fato histórico para um acontecimento pessoal, como podem ser de um acontecimento pessoal para um fato histórico ou social, em sua maioria envolvem a lembrança do autor por isso ser mais comum sua escrita como narrativa.
Exemplo: CRÔNICAS; Lima Barreto;
15 de novembro
Escrevo esta no dia seguinte ao do aniversário da proclamação da República. Não fui à cidade e deixei-me ficar pelos arredores da casa em que moro, num subúrbio distante. Não ouvi nem sequer as salvas da pragmática; e, hoje, nem sequer li a notícia das festas comemorativas que se realizaram. Entretanto, li com tristeza a notícia da morte da princesa Isabel. Embora eu não a julgue com o entusiasmo de panegírico dos jornais, não posso deixar de confessar que simpatizo com essa eminente senhora.
Veio, entretanto, vontade de lembrar-me o estado atual do Brasil, depois de trinta e dois anos de República. Isso me acudiu porque topei com as palavras de compaixão do Senhor Ciro de Azevedo pelo estado de miséria em que se acha o grosso da população do antigo Império Austríaco. Eu me comovi com a exposição do doutor Ciro, mas me lembrei ao mesmo tempo do aspecto da Favela, do Salgueiro e outras passagens pitorescas desta cidade.
Em seguida, lembrei-me de que o eminente senhor prefeito quer cinco mil contos para reconstrução da avenida Beira-Mar, recentemente esborrachada pelo mar.
Vi em tudo isso a República; e não sei por quê, mas vi.
Não será, pensei de mim para mim, que a República é o regime da fachada, da ostentação, do falso brilho e luxo de parvenu, tendo como repoussoir a miséria geral? Não posso provar e não seria capaz de fazê-lo.
Saí pelas ruas do meu subúrbio longínquo a ler as folhas diárias. Lia-as, conforme o gosto antigo e roceiro, numa "venda" de que minha família é freguesa.
Quase todas elas estavam cheias de artigos e tópicos, tratando das candidaturas residenciais. Afora o capítulo descomposturas, o mais importante era o de falsidade.
Não se discutia uma questão econômica ou política; mas um título do Código Penal.
Pois é possível que, para a escolha do chefe de uma nação, o mais importante objeto dediscussão seja esse?
Voltei melancolicamente para almoçar, em casa, pensando, cá com os meus botões,
como devia qualificar perfeitamente a República.
Entretanto - eu o sei bem - o 15 de Novembro é uma data gloriosa, nos fastos da nossa história, marcando um grande passo na evolução política do país.
Marginália, 26-11-1921
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