quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
FICHAMENTO: KEPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação: o mestre o impossível, ed. Scipione, 1989.
TRANSFERIR
Transferir é então atribuir um sentido especial àquele figura determinada pelo desejo. (pg. 91)
Obs: “Instalada a transferência, tanto o analista como o professor tornam-se depositários de algo que pertence ao analisando ou ao aluno. Em decorrência dessa “posse”, tais figuras ficam inevitavelmente carregadas de uma importância especial. E é dessa importância que emana o poder que inegavelmente têm sobre o indivíduo. Assim, em razão dessa transferência de sentido operada pelo desejo, ocorre também uma transferência de poder. Já veremos em detalhes o que isso significa para um professor”. (pg. 91)
Uma outra conseqüência: se o analisando ou o aluno dirigem-se ao analista ou professor atribuindo-lhe um sentido conferido pelo desejo, então essas figuras passarão a fazer parte de seu cenário inconsciente. Isso significa que o analista ou o professor, colhidos pela transferência, não são exteriores ao inconsciente do sujeito, mas o que quer que digam será escutado a partir desse lugar onde estão colocados. Sua fala deixa de ser inteiramente objetiva, mas é escutada através dessa especial posição que ocupa no inconsciente do sujeito.
Isso explica, em parte, o fato de haver professores que nada parecem ter de especial, mas que, na realidade, marcam o percurso intelectual de alguns alunos. Quando vezes não ouvimos dizer que alguém optou por ser geógrafo porque teve, no ginásio, um professor que despertou seu gosto por essa matéria! Não era nenhum grande teórico do assunto, tanto que só aquele aluno se interessou pela Geografia. A idéia de transferência mostra que aquele professor em especial foi “investido” pelo desejo daquele aluno. E foi a partir desse “investimento” que a palavra do professor ganhou poder, passando a ser escutada!
QUESTIONAMENTO
O desejo transfere sentido e poder à figura do professor, que funciona como um mero suporte esvaziando de seu sentido próprio enquanto pessoa.
1. Mas, que sentido esse desejo transfere?
2. Como é que, em última análise, esse professor está sendo visto, já que é essa visão especial a mola propulsora do aprender?
IMPORTANTE
Ocupar o lugar designado ao professor pela transferência: eis uma tarefa que não deixa de ser incômoda, visto que ali seu sentido enquanto pessoa é “esvaziado” para dar lugar a um outro que ele desconhece.
O PROFESSOR NO LUGAR DE TRANSFERÊNCIA
Se fosse o caso de seguir estritamente as idéias acima, bastaria dizer que cabe ao professor renunciar a um modelo determinado por ele próprio; aceitar o modelo que lhe oferece o aluno; suportar a importância daí emanada e conduzir seu aluno em direção à superação dessa importância; eclipsar-se para permitir que esse aluno siga seu curso, assim como o fizeram os pais desse aluno.
O PROBLEMA DO MAL USO DO PODER PELO PROFESSOR
O problema é que, com esse poder em mãos, não é fácil usá-lo para libertar um “escravo” que se escravizou por livre e espontânea “vontade”. A História mostra que a tentação de abusar do poder é muito grande. No caso do professor, abusar do poder seria equivalente a usá-lo para subjugar o aluno, impor-lhe seus próprios valores e idéias. Em outras palavras, impor seu próprio desejo, fazendo-o sobrepor-se àquela que movia seu aluno a colocá-lo em destaque
O RELA POSICIONAMENTO DO PROFESSOR
Cedendo a essa tentação, cessa o poder desejante do aluno. O professor entenderá sua tarefa como uma contribuição à formação de um ideal que tem uma função reguladora, normatizante, e fundará aí sua autoridade. Sua missão será submeter seu aluno a essa figura de mestre. Nesse caso, a Educação fica subordinada à imagem de um ideal estabelecido logo de início pelo pedagogo e que, simultaneamente, proíbe qualquer contestação de um ideal estabelecido logo de início pelo pedagogo e que, simultaneamente, proíbe qualquer contestação desse ideal.
FUNÇÃO DO PEDAGOGO
O que o pedagogo faz é pedir à criança que venha tão somente dar fundamento a uma doutrina previamente concebida. Aqui, o aluno poderá aprender conteúdos, gravar informações, espelhar fielmente o conhecimento do professor, mas provavelmente não sairá dessa relação como sujeito pensante.
DESVIO DE ENTENDIMENTO
Acharão alguns ser pedir demais ao professor que compareça à relação com seu desejo anulado, como pessoa esvaziada, como uma simples marionete cujas cordas o aluno fará brandir a seu bel-prazer?
POSIÇÃO DO PROFESSOR
O professor é também um sujeito marcado por seu próprio desejo inconsciente. Aliás, é exatamente esse desejo que impulsiona para a função de mestre. Por isso, o jogo todo é muito complicado. Só o desejo do professor justifica que ele esteja ali. Mas estando ali ele precisa renunciar a esse desejo. (pg. 94)
Biblioteca Universidade do Estado do Pará – Campus I
CONTO: UM ANJO
Conta a lenda do anjo que resolveu ir ao subsolo da metrópole para ver a cobra de ferro que transportava centenas de pessoas ao mesmo tempo em seu bojo. Tinha acabado de acompanhar um casal com destino ao Museu da Língua Portuguesa, depois passando pela escadaria que dava acesso ao metrô não resistiu a descer. Estando ele no subsolo da metrópoles foi andando e atravessou o obstáculo da roleta, quando na plataforma começou a ouvir um zunido que vinha da escuridão do túnel. O som aumentava conforme ela se aproximava. Subitamente viu os dois olhos da dita vindo da escuridão do túnel em sua direção. Demoro segundos estava na sua frente. O susto foi tamanho exclamou: -É uma minhoca! É uma minhoca! Parou em sua frente e as portas se abriram, viu as pessoas entrando e outras saindo, deixou-se levar para dentro. Fecharam-se as portas e a minhoca começou a se movimentar, mergulhando no túnel. Nesse momento lembrou-se de quando o dito cujo, fora expulso do céu, mandado por Deus para o Mundo. Saiu entonando um som dolorido, parecia-lhe o que começava a ouvir no interior da minhoca.
Antes de chegar no final do túnel uma foz anunciou “saída pela esquerda”, olhou para os lados, pensava ter só ele ouvido, seria o senhor chamando sua atenção, imediatamente põe-se de joelho e começou a pedir; -Perdão! Perdão! Depois de minutos a minhoca saiu do túnel e começou a para, depois de para abriram-se as portas e começaram as pessoas a descer na estação. Foi quando põe-se de pé, exclamando: Obrigado! Obrigado, meu pai! Logo que saiu da minhoca e caminhou até as escadarias subindo-a, saindo no meio da avenida Paulista, onde encontra-se o centro financeiro do país, onde centenas de pessoas transitavam frenéticas em busca de um sonho.
Entrou no fluxo dos transeuntes em atropelo, quando derrepente entrou num turbilhão que o fez rodopiar, prosseguindo com dificuldade olhou tratava-se de um círculo no centro o porque: Um senhor de bastante idade a caminhar vagarosamente um passo após o outro, com sua bengala a frente, tá...tá...tá..., vestia-se com uma elegância nobre, lindo, que senhor lindo no meio dos transeuntes frenéticos que passavam a mil pelo seu lado, zummmmmm..., sem tocá-lo, viu nesse momento um anjo.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
O INTERESSE EDUCACIONAL DA PSICANÁLISE: Segundo Freud
O interesse dominante que tem a psicanálise para a teoria da educação baseia-se num ato que se tornou evidente. Somente alguém que possa sondar as mentes das crianças será capaz de educá-las e nós, pessoas adultas, não podemos entender as crianças porque não mais entendemos a nossa própria infância. Nossa amnésia infantil prova que nos tornamos estranhos à nossa infância. A psicanálise trouxe à luz os desejos, as estruturas de pensamento e os processos de desenvolvimento da infância. Todos os esforços anteriores nesse sentido foram, no mais alto grau, incompletos e enganadores por menosprezarem inteiramente o fator inestimavelmente importante da sexualidade em suas manifestações físicas e mentais. O espanto incrédulo com que se defrontam as descobertas estabelecidas com maior grau de certeza pela psicanálise sobre o tema da infância - o complexo de Édipo, o amor a si próprio (ou ‘narcisismo’), a disposição para as perversões, o erotismo anal, a curiosidade sexual - é uma medida do abismo que separa nossa vida mental, nossos juízos de valor e, na verdade, nossos processos de pensamento daqueles encontrados mesmo em crianças normais.
Quando os educadores se familiarizarem com as descobertas da psicanálise, será mais fácil se reconciliarem com certas fases do desenvolvimento infantil e, entre outras coisas, não correrão o risco de superestimar a importância dos impulsos instintivos socialmente imprestáveis ou perversos que surgem nas crianças. Pelo contrário, vão se abster de qualquer tentativa de suprimir esses impulsos pela força, quando aprenderem que esforços desse tipo com freqüência produzem resultados não menos indesejáveis que a alternativa, tão temida pelos educadores, de dar livre trânsito às travessuras das crianças. A supressão forçada de fortes instintos por meios externos nunca produz, numa criança, o efeito de esses instintos se extinguirem ou ficarem sob controle; conduz à repressão, que cria uma predisposição a doenças nervosas no futuro. A psicanálise tem freqüentes oportunidades de observar o papel desempenhado pela severidade inoportuna e sem discernimento da educação na produção de neuroses, ou o preço, em perda de eficiência e capacidade de prazer, que tem de ser pago pela normalidade na qual o educador insiste. E a psicanálise pode também demonstrar que preciosas contribuições para a formação do caráter são realizadas por esses instintos associais e perversos na criança, se não forem submetidos à repressão, e sim desviados de seus objetivos originais para outros mais valiosos, através do processo conhecido como ‘sublimação’. Nossas mais elevadas virtudes desenvolveram-se, como formações reativas e sublimações, de nossas piores disposições. A educação deve escrupulosamente abster-se de soterrar essas preciosas fontes de ação e restringir-se a incentivar os processos pelos quais essas energias são conduzidas ao longo de trilhas seguras. Tudo o que podemos esperar a título de profilaxia das neuroses no indivíduo se encontra nas mãos de uma educação psicanaliticamente esclarecida.
Não foi meu objetivo neste artigo colocar ante um público cientificamente orientado uma descrição do alcance e do conteúdo da psicanálise ou de suas hipóteses, problemas e descobertas. Meu objetivo terá sido atingido se eu tiver deixado claras as muitas esferas de conhecimento em que a psicanálise é de interesse e os numerosos vínculos que começou a forjar entre elas.
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