“ Unidades complexas, como o ser humano ou a sociedade, são multidimensionais: dessa forma, o ser humano é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional. A sociedade comporta as dimensões histórica, econômica, sociológicas, religiosas... O conhecimento pertinente deve reconhecer esse caráter multidimensional e nele inserir estes dados: não apenas não se poderia isolar uma parte do todo, mas as partes umas das outras; a dimensão econômicas, por exemplo, está em inter-retroação permanente com todas as outras dimensões humanas; além disso, a economia carrega em si, de modo “hologrâmico”, necessidades, desejos e paixões humanas que ultrapassam os meros interesses econômicos.” (O Setes Saberes necessários à Educação do Futuro, Edgar Morin, pág. 38).
A essa problemática do cidadão do novo milênio que Edgar Morin desenvolve seus estudos com a publicação de varias obras, mas a que mais nos interessou, dentro do tema proposto pela professora Maria do Céu, da Universidade da Amazônia é a obra que aborda o tema da multidimensionalidade da didática, exposto na obra “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”, que tem sua importância por ter cido solicitada pela Unesco com o objetivo, entre outros, de aprofundar a visão transdiciplinar da educação e tornou-se texto base para a elaboração de nossos Parâmetros Curriculares Nacional.
Nessa obra Edgar Morin propõe uma reorganização da educação. E essa reorganização não se refere apenas ao ato de ensinar. Refere-se à luta contra os defeitos do sistema que estão cada vez maiores. Por exemplo, o ensino de disciplinas separadas e sem comunicação entre si produzindo uma fragmentação e uma dispersão que impede o cidadão de ver globalmente coisas que são cada vez mais importantes no mundo. Portanto refere-se aos setes saberes necessários que implicam em ensinar: reconhecer as cegueiras do conhecimento, seus erros e ilusões; assumir os princípios de um conhecimento pertinente; condição humana; identidade planetária; enfrentar as incertezas; compreender e ética do gênero humano.
Dentre os setes saberes o reconhecer as cegueiras do conhecimento, seus erros e ilusões e assumir o ato de conhecer como um traduzir e não como uma foto correta da realidade, ou seja, trata-se de armar nossas bases para o combate vital pela lucidez e isso significa estar sempre buscando modos de conhecer o próprio ato de conhecer; ensinar a condição humana deveria ser o objetivo essencial de qualquer sistema de ensino e isso passando a considerar conhecimento que estão dispersos em várias disciplinas como as ciências naturais, as ciências humanas, a literatura e a filosofia, ou seja, as gerações precisas conhecer a unidade e a diversidade do humano; ensinar a identidade planetária tem a ver com mostrar a complexidade da crise planetária que caracteriza o século XX, ou seja, trata-se de ensinar a história da era planetária, mostrando como todas as partes do mundo necessitam ser intersolidárias, a vez que enfrentam os mesmos problemas de vida e morte; é preciso aprender a tentar as incertezas reveladas ao longo do século XX através da microfísica, da termodinâmica, da cosmologia, das ciências biológicas evolutivas, das neurociências e das ciências históricas, ou seja, é preciso aprender a navegar no oceano das incertezas através dos arquipélagos das certezas; compreender é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana, portanto não pode ser algo desconsiderado pela educação e, para tanto, precisamos passar por uma reforma das mentalidades; por ética do gênero humano, entende-se uma abordagem que considera tanto o individuo, quanto a sociedade e a espécie e isso não se ensina dando lição de moral e sim isso passa pela consciência que o humano vai adquirindo de si mesmo como individuo, como parte da sociedade e como parte da espécie humana; o mais importante em nosso estudo da obra é os princípios de conhecimento pertinente que entende-se a necessidade de ensinar os métodos que permitam apreender as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo do mundo complexo, ou seja, trata-se de devolver uma atitude mental capaz de abordar problemas globais que contextualizem suas informações parciais e locais.
Assim esse saber torna-se importante, pois Edgar Morin, expõe o questionamento do cidadão do novo milênio que se pergunta: como ter acesso às informações sobre o mundo e como ter a possibilidade de articula-las e organizá-las? Como perceber e conceber o Contexto, o Global (a relação todo/parte), o Multidimensional, o Complexo?. E como resposta encontramos como invisível para o cidadão o contexto, o global, o multidimensinal e o complexo e para que o conhecimento seja pertinente, a educação deve torna-los evidentes.
É essa evidencia que nos preocupamos principalmente o multidimensional que faz parte do tema desse artigo. Então
“A esse problema universal confronta-se a educação, pois existe inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre, de um lado, os saberes desunidos, compartimentados e, de outro, as realidades ou problemas cada vez mais multidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários.”(O Setes Saberes necessários à Educação do Futuro, Edgar Morin, pág. 36)
Para Morin, um dos grandes problemas do cidadão e compreender a complexidade do real posto que não se trata de designar idéias simples, nem tampouco se reduz a uma única linha ou vertente de pensamento e sim considerar todas as influencias recebidas: internas e externas, integrando os modos simplificadores do pensar e conseqüentemente negando os resultados unidimensionais resultados de um saber parcelado, fragmentado, reducionista e mutilador que tornam o conhecimento simplista e travador do saber, entretanto para que possa o cidadão ampliar o saber deve interpretar os aspectos da ambigüidade, sem, contudo desconsiderar a multidimensionalidade do real, ou seja, os diversos caracteres do fenômeno assim adquirem consciência do próprio limite, de saber que não tem limite porque na vida e na ciência não a certeza absoluta, por isso não a saber total. Ele vai se construindo, mas nunca se esgota.
Então os saberes desunidos como estão estruturados só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação. A educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem. Caso contrário, será sempre ineficiente e insuficiente para os cidadões do futuro.
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