quarta-feira, 9 de maio de 2012
CONTO: O Exame
Sou um criado, mas não há trabalho para mim. Sou medroso e não me ponho em evidência; nem sequer me coloco em fila com os outros, mas isto é apenas uma das causas de minha falta de ocupação; também é possível que minha falta de ocupação nada tenha a ver com isso; o mais importante é, em todo caso, que não sou chamado a prestar serviço; outros foram chamados e não fizeram mais gestões que eu; e talvez nem mesmo tenham tido alguma vez o desejo de serem chamados, enquanto que eu o senti, às vêzes, muito intensamente. Assim permaneço, pois, no catre, no quarto de criados, o olhar fixo nas vigas do teto, durmo, desperto e, em seguida, torno a adormecer. Às vêzes cruzo até a taverna onde servem cerveja azêda; algumas vêzes por desfastio emborquei um copo, mas depois volto a beber.
Gosto de sentar-me ali por que, atrás da pequena janela fechada e sem que ninguém me descubra, posso olhar as janelas de nossa casa. Não se vê grande coisa; sôbre a rua, dão, segundo creio, apenas as janelas dos corredores, e além do mais, não daqueles que conduzem aos aposentos dos senhores; é possível também que eu me engane; alguém o sustentou certa vez, sem que eu lho perguntasse, e a impressão geral da fachada o confirma. Apenas de vez em quando são abertas as janelas, e quando isso acontece, o faz um criado, o qual, então, se inclina também sôbre o parapeito para olhar para baixo um instantinho. São, pois, corredores onde não se pode ser surpreendido. Além do mais não conheço esses criados; os que são ocupados permanentemente na parte de cima, dormem em outro lugar; não em meu quarto.
Uma vez, ao chegar à hospedaria, um hóspede ocupava já o meu posto de observação; não me atrevi a olhar diretamente para onde estava e quis voltarme na porta para sair em seguida. Mas o hóspede me chamou e, assim, então, percebi que era também um criado ao qual eu tinha visto alguma vez e em alguma parte, embora sem ter falado nunca com ele até aquele dia. — Por que queres fugir? Senta-te aqui e bebe. Eu pago. Sentei-me, pois. Perguntou-me algo, mas não pude responder-lhe; não compreendia sequer as perguntas. Pelo menos eu disse: — Talvez agora te aborreça o fato de ter-me convidado. Voume, pois. E quis erguer-me. Mas ele estendeu a mão por cima da mesa e me manteve em meu lugar. — Fica-te!, disse. Isto era somente um exame. Aquele que não respondesse às perguntas está aprovado no exame.
Franz Kafka
BIOGRAFIA: Avram Noam Chomsky
Avram Noam Chomsky é um linguista, filósofo, ativista, autor e analista político estadunidense que nasceu na Filadélfia (Estados Unidos), no dia sete de dezembro de 1928. Foi introduzido na liguística por seu pai, especializado em linguística histórica hebraica. Estudou na universidade da Pensilvânia, onde se tornou doutor (1955) com uma tese sobre a análise transformacional, elaborada a partir das teorias de Z. Harris, de quem foi discípulo. Assim, tornou-se professor do renomado MIT (Massachussetts Institute of Technology), a partir de 1961.
É autor de uma contribuição fundamental à linguística moderna, com a formulação teórica e o desenvolvimento do conceito de gramática transformacional, ou generativa, cuja principal novidade está na distinção de dois níveis diferentes na análise das frases: por um lado, a “estrutura profunda”, conjunto de regras de grande generalidade a partir das quais é gerada, mediante uma série de regras de transformação, a “estrutura superficial” da frase.
Este método permite basear a identidade estrutural profunda entre frases superficialmente diferentes, como acontece com a voz ativa e a voz passiva de uma frase. No nível profundo, a pessoa possui um conhecimento tácito das estruturas fundamentais da gramática, que Chomsky considerou, em grande medida, inato. Baseado na dificuldade de explicar a competência adquirida pelos falantes nativos de determinado idioma a partir da experiência deficitária recebida de seus pais, considerou que a única forma de entender o aprendizado de uma língua era postular uma série de estruturas gramaticais inatas (já nascidas com o indivíduo), as quais seriam comuns, portanto, a toda a humanidade.
Neste sentido, poderia se falar de uma gramática universal, a cuja demonstração e desenvolvimento têm sido dedicados diversos estudos que partiram das idéias de Chomsky. Além de suas atividades no campo linguístico, Chomsky frequentemente interveio no setor político, provocando diversas polêmicas com suas denúncias sobre o imperialismo estadunidense, desde o começo da Guerra do Vietnam e suas reiteradas críticas ao sistema político e econômico dos Estados Unidos.
TRECHO DE ENTREVISTA: A LINGÜÍSTICA COMO UMA CIÊNCIA NATURAL, 1997
Bruna Franchetto
O que mudou com a expansão da gramática
generativa?
Noam Chomsky
O que mudou nos últimos anos – e isso é importante – é que ao invés de apenas os ocidentais (pessoas provenientes da Europa e dos Estados Unidos) estudarem todas essas línguas, as pessoas passaram a estudar suas próprias línguas. Assim, por exemplo, a lingüística românica – um campo bem estudado – efetivamente deu um salto adiante quando o trabalho começou a ser feito por lingüistas franceses, italianos e espanhóis e não por americanos. Quando você trabalha na sua própria língua é completamente diferente. Há uma aluna portuguesa que concluiu recentemente o Ph.D. no MIT, que descobriu toda uma série de coisas sobre a língua portuguesa que nunca tinham sido notadas.E ocorre o mesmo em todos os lugares. Em japonês, muito do que tem sido descoberto é novo. Os lingüistas japoneses tradicionais desconheciam esses fatos. Uma de nossas recém-doutoras,é uma japonesa que começou a estudar a língua das mulheres japonesas,a qual se revelou completamente diferente do que todo mundo pensava. Isso não era estudado; estudava-se a língua dos homens. Mas aquela tem propriedades gramaticais diferentes, que ela conhecia porque cresceu em contato com ela, mas os lingüistas não conheciam. E, de fato, quando as pessoas estudam utilizando seu próprio conhecimento,obtém-se uma enorme quantidade de informações e idéias.
O Encantado
Numa cidade localizada na região Norte do Brasil existe como conta os habitantes do lugar uma aparição que vagueia nas noites pelas ruas. Poucos foram às pessoas que a viram, a contar três, Seu Antônio pescador, Dona Braga beata e a jovem Jessika estudante. E comum, nessa cidade, o encontro no final da tarde na mercearia de Seu Freitas, onde se escuta de tudo um pouco. Lá o pesquisador do IFNOPAP coletou a narrativa desses três habitantes.
O primeiro, Seu Antonio, viu a aparição quando voltava da pescaria. Ele diz não lembrar de muita coisa do acontecido, pois desmaiou logo que sentiu o cheiro da fumaça mal cheirosa que a “coisa”, como chama, soltava e que cobria seu rosto. O pesquisador logo supôs ser a “Matita”.
Todavia a segunda, Dona Braga, lembra do sorriso do “mostro” que era tão lindo e contagiante, que a fez rir durante dias, ocorrendo de o padre ter de exorcizar Dona Braga, para que, ela pudesse parar de rir. Conta não ter visto a fumaça que Seu Antonio havia visto que quase lhe pões cego, mas sim na escuridão avistou e ouviu aquele belíssimo sorriso. Isso confundiu o pesquisador que supunha ser a “Matita” a aparição, mas com sua experiência de catalogação de três mil contos populares da região amazônica nunca havia lido essa manifestação, fato novo para seu registro.
A terceira pessoa quase morre afogada, a jovem Jessika, andava a noite de sua casa para a casa de sua avó, levava uns bijus que sua tia havia preparado, quando viu um homem de costas, vestia-se todo de branco e tinha o chapéu branco. O homem caminhava tranqüilo e elegante em direção ao rio. A jovem curiosa foi atraída por seus passos até a beira do rio. Conta que nesse momento o viu entrar vagarosamente no rio, depois só lembra de acordar no hospital. Contam os habitantes que o jovem pescador Marcos havia salvo a jovem da morte, depois de brigar com a criatura embaixo do rio tirando-a dos braços da aparição. Agora, o pesquisador encontrava-se confuso não sabia se tratava de uma mesma aparição ou de várias, porque a semelhança com a narrativa do “boto” era evidente.
Achou o pesquisador de conferir o fato. Colocou-se no mesmo lugar que as três vitimas haviam estados. Depois de três noites sem nada presenciar, no dia dois de novembro, sentiu o cheiro de uma fumaça mal cheirosa, pensou era a pista que procurava. Seguindo o cheiro logo viu a fumaça e ouviu o sorriso. Pensou “meu deus” é a aparição. Apertou o passo é viu o senhor de branco, quando gritou: Ei, aguarde!, Fala minha língua? Quem és tu? Seguiram perguntas uma atrás da outra como, no entanto não obteve nem uma resposta.
Resolveu correr antes que a aparição desaparecesse no fundo do rio. Foi quando num repente a figura estava soltando fumaça e sorrindo na sua frente. Na manhã seguinte, foi o primeiro a chegar na mercearia de Seu Freitas, passou a manhã e a tarde bebendo cachaça e alucinando sobre o ocorrido na noite anterior, tentava lembrar-se do que havia acontecido, logo depois, que a criatura apareceu na sua frente sorrindo. Quando no final da tarde, quando muitos habitantes encontravam-se ao seu redor ouviu a mesma palavra que o fez desmaiar na noite e que o fez gritar:- “ENCANTADO”, assustados os habitantes correram para suas casas, enquanto o pesquisador não parava de gritar. Depois de alguns minutos já sem voes percebeu que estava só.
Seguiu para a capital Belém, no primeiro ônibus, pela manhã, na chegada foi direto para a Universidade Federal do Pará, onde fica o IFNOPAP, e lá encontrou o maior intelectual no assunto o doutor João de Jesus Paes Loureiro, que logo depois de ouvir sua estória respondeu tratar-se o “encantado” de um ser mitológico que mora no fundo das águas do rio e que submerge de seu fundo”.
Assinar:
Postagens (Atom)
Pesquisar este blog
-
Neste ensaio devo esclarecer que a análise do conto, de Danton Travisan, “Uma vela para Dário”, será feita pelo víeis da psicologia, mas esp...
-
O vestibulando deve compreender que o texto em prosa discursivo dissertativo tem origem do gênero grego-romano Retórico ou Eloquente e seu e...
Translate
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Livro publicado

Livro infantil.
encontro
Caminhando pensei em minha esposa que mesmo tendo lhe agraciado com tudo do mundo. Ela me responderia: - Tem mais alguma coisa, além disso.
Universidade do Estado do Pará - UEPA
Índia

Raquel Quaresma