Defesa da Língua Brasileira Nacional
RIBEIRO (1933)
A Língua Nacional:
Esse texto tem caracteristica de uma exaltação à alma e ao espírito brasileiro, libertos,
via língua, das amarras que prendiam ao reino português. (pg. 87)
“Parece todavia incrível que a nossa Independência ainda conserve essa algema nos
pulsos, e que a personalidade de americanos pague tributo à submissão das palavras.
(...)
1 A nossa gramática não pode ser inteiramente a mesma dos portugueses. As
diferenciações regionais reclamam estilo e metodo diversos.
2· A verdade é que, corrigindo-nos, estamos de fato a muktilar idéias e sentimentos que
nos são pessoais.
3· Já não é a língua que apuramos, é nosso espiritoque sujeitamos a servilismo
inexplicavel.
4· Falar diferentemente não é falar errado. (...)
5· Na linguagem como na natureza, não há igualdades absolutas; não há, pois,
expressões diferentes que nã correspondam tambem a idéias ou a sentimentos
diferentes.
6· Trocar um vocabulo, uma inflexão por outra de Coimbra, é alterar o valor de ambos
a preço de uniformidades artificiosas e enganadoras. (...)
7· Não podemos, sem mentira e sem mutilação perniciosa, sacrificar a consciencia das
nossas proprias expressões.
8· Corrigi-las pode ser um abuso que afete e compromete a sensibilidade imanente a
todas elas.
9· Os nossos modos de dizer são diferentes e legitimos e, o que é melhor, são imediatos
e conservam, pois, o perfume do espirito que os dita”.
Nota: Ribeiro deixa de ser neutralidade cientifica, para expressar sua clara posição
apaixonada à unidade brasílica do português americano.
JOSÉ PEDRO MACHADO
O português do Brasil:
1 Sua obra tem característica de não exarcebação e de veemência a língua portuguesa.
“Os patrioteirismos, sempre deslocados, devem ser postos de parte, assim como os
brasileiros lusofilos em excesso e os portugueses de espíritos dissolente, enfim,
afastemos todos os que não tenham condições para meditar à frio”.
2 Sobre a língua brsileira nacional e sua individualidade
“Lembro que o nome do ilustre académico não é, nem pode ser, desconhecido. Trata-se
de um poeta 8, cuja glória foi coroada com aquêle admirável Martin Carerê, dedicado
ao Brsil-menino. Nessas pagínas, ao lado da simplecidade tão bela, aparece-nos um
português razoável.
Por isso, ocorre perguntar: Por que não emprega o delicado poeta nas suas obras uma
língua absolutamente diferente da minha (pergunta)
Além de justificar a existência do 'dialecto dignificado', tornava-se coerente com teor
do discurso feito na academia brasileira”. (Ênfase acrscida pelo autor)
CÂMARA JUNIOR
“Como quer que seja, as discrêpancias de língua padrão entre Brasil e Portugal não
devem ser explicadas por um suposto substrato tupi ou por uma suposta profunda
influência africana, como se tem feito às vezes. resultam essencialmente de se achar a
língua em dois territórios nacionais distintos e separados.
A partir do período do português popular e dialetal do Brasil é, naturalmente, outro.
Nele podem ter atuado substratos indígenas, não necessariamente, tupi, e os falares
africados, na estrutura, na estrutura fonológica e garmatical. Também se verificaram,
por ouro lado, sobrevivências de traços portugueses arcaicos, que não se eliminaram
de áreas isoladas ou laterais em relação às grandes correntes de comunicação da vida
colonial. A imensa vastidão do território brasileiro e as modalidades de uma
exploração intermitente e caprichosa já propiciavam, aliás, por si sós, uma complexa
dialetação, que ainda está por estudar cabalmente”.
CONCLUSÃO DAS TRÊS POSIÇÕES SOBRE A LÍNGUA NACIONAL
Câmara Junior advogou, como vimos, a inevitabilidade da diferenciação entre os dois
sistemas, pois cada um deles, em território diverso, continuou a sua história natural. João
Ribeiro e Cassiano Ricardo apregoaram a independência lingüística do sistema
brasileiro, portanto, a diferenciação a fim de garantir a individualização do idioma (ou
de um idioma) nacional brasileiro. José Pedro Machado garantiu e defendeu a unidade da Língia brasileira.
Referência feita ao poeta Cassiano Ricardo, a sua leitura feita no dia 30 de janeiro de 1941, na
Academia Brasileira de Letras, institulado “A Academia é a língua brasileira”.
lingüística do português, ficando a língua brasileira de João Ribeiro e de Cassiano
Ricardo reduzido a um dialeto da língua portuguesa (de Portugal).
TEMPOS LINGÜÍSTICOS: Itinerário histórico da língua portuguesa.
TARALLO, Fernando, ed. Ática,1990.