Marcus Demóstenes tomou a mais nobre decisão de sua vida. Depois de ter lido a maioria dos cânones da Literatura Brasileira, do “boca do inferno”, passando pela leitura de Marília de Dirceu, deleitando-se com o romantismo de Gonçalves Dias, até chegar na leitura de Machado de Assis escritor que o encantou. Estava na idade da razão, quando leu “A Ressurreição”, obra que iria marcar sua vida.
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Na faculdade de psicologia leu “para viver um grande amor”, texto de Vinícios de Moraes, responsável em colocar o ponto final em seu princípio que consistia em ser um homem de uma só mulher. Respondia a todos que o indagavam:- Por que não tinha namorada? – Ser de muitas mulheres não tinha nem um valor. E para os que o chamavam de homossexual, respondia:- Conheça-me primeiro fará juízo seguro.

Sempre lembrava-se do livro de Machado, as jovens mandavam-lhe correspondência amorosas, declarações como as cantigas de amor medieval, ele compreendia que elas confundiam sua nobreza, sua doçura e suas boas intenções com seu libido sexual. Seu encanto para com elas era tamanho que poderia assumir uma postura de Dom Juan. Mas não, o vez, o personagem de Machado tinha lhe ensinado: “não adiantava ter todas e nem uma”, teria uma vida vazia. Preferia acreditar existir dentre todas uma que seria sua senhora por todo sempre.

Sua vida a partir dessa decisão de ser um homem de uma só mulher passou a ser dividida pelas mulheres que o tentavam provocando mesmo o seu ego e seus colegas que zombavam de seu princípio, mesmo assim procurava e apesar de jamais encontrar. Seus amigos não compreendiam sua postura, mas Marcus sabia que ela estava em algum lugar. Certo dia veio a sua memória as indagações: O que fazer? Como deveria fazer? Onde a encontraria?

Esse questionar para si começou a ser freqüente chegando a perturbar sua consciência. Toda a psicologia que estudara na faculdade não estava adiantando. Tomou a decisão de contar para uma amiga sua sina, seu princípio e as perguntas que passaram a perturbar sua consciência. Ela o orientou que não se tratava de um princípio, mas sim de uma premissa de seu eu para si mesmo e que deveria ir a uma cartomante. Um oráculo cabalístico para poder ser orientado melhor e assim garantir uma luz em seu caminho. Ela o explicou como via sua situação:- Estais caminhando meu amigo no escuro e precisa dessa orientação, pois, assim saíras das trevas onde te encontras agora perdido sem horizonte de expectativa. Ele não ficou convencido acreditava ser sua ciência maior que qualquer misticismo mais mesmo assim anotou o número telefônico, prometendo ligar.

Depois de uns dias, buscando sem encontrar, olhando sua agenda telefônica os números das moças que havia conhecido durante esses tempos, apareceu o telefone de Madame Zoraide como era chamada à senhora mística que viria a iluminar seu caminho. Pensou vou ligar agora mesmo.
-Olá, boa tarde gostaria de falar com Madame Zoraide.
-É ela, sobre o que se trata.
-Fui orientado a ir com a senhora, pois teria respostas para minhas dúvidas.
-Sim, posso ajudar. Meu endereço é Rua dos Tamoios, Vila Cinco irmãos casa 03.
Anotou o endereço, o dia e a hora de sua consulta. O enamorado que até então era de todas e de nem uma, apresentou-se na hora e no local marcado. Foi confiante, e nem pensava em duvidar de uma palavra se quer do oráculo. Já havia sido orientado por uma pessoa de confiança, isso bastava.
A consulta durou cerca de uma hora. A análise do “livro de páginas soltas”, como Madame Zoraide chamava sua ferramenta de trabalho, deu-lhe uma orientação para o futuro a suas perguntas: O que fazer? Como deveria fazer? Onde a encontraria?
Esses questionamentos levou a uma leitura do tarô por Madame Zoraide de seu futuro, assim, disse ela: -Segue um caminho até encontrar-te numa encruzilhada, perguntar-te-á qual caminho seguir, o da direito ou o da esquerda, perguntarás para um velho e ele te dirá o melhor caminho a seguir. Dizendo mais: – Quando ofereceres teu dinheiro achará que está duvidando de sua palavra e de sua boa fé, esse senhor recusará teu dinheiro e acrescentará, quando voltares eu estarei aqui, lembre de mim.
Saiu da consulta e seguiu seu caminho a procurar sem nunca encontrar. Passaram-se dias, meses e anos e nada. Foi quando num repente tudo se revelou, estava andando quando uma moça jovem e bonita luziu em sua frente. Parada olho-o de ponta a cabeça e perguntou qual caminho deveria tomar para chegar até Em Almeirim. Então viu-se numa encruzilhada, olhou para a direita olhou para e a esquerda. Ficou embaraçado, entretanto conseguiu em sobressaltos falar:
– Por que está indo para lá?
A moça com emoção respondeu estar indo visitar sua mãe que estava muito doente e precisava de sua companhia. Marcus disse-lhe que deveria tomar o caminho da direita. A moça estendeu um dinheiro para lhe retribuir a ajuda. Ele não aceitou, mas deu-lhe seu telefone para que ligasse. No outro dia a morena de olhos d’água, que tinha luzido em sua frente, ligou e marcaram um encontro. Assim deu-se o princípio de uma relação amorosa que duraria por toda a vida.
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