segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
FICHAMENTO: TEMPOS LINGÜÍSTICOS: Itinerário histórico da língua portuguesa. TARALLO, Fernando, ed. Ática,1990.
PORTUGUÊS DO BRASIL versus PORTUGUÊS DE PORTUGAL: querelas
Defesa da Língua Brasileira Nacional
RIBEIRO (1933)
A Língua Nacional:
Esse texto tem característica de uma exaltação à alma e ao espírito brasileiro, libertos, via língua, das amarras que prendiam ao reino português. (pg. 87)
“Parece todavia incrível que a nossa Independência ainda conserve essa algema nos pulsos, e que a personalidade de americanos pague tributo à submissão das palavras. (...)
• A nossa gramatica não pode ser inteiramente a mesma dos portugueses. As diferenciações regionais reclamam estilo e método diversos.
• A verdade é que, corrigindo-nos, estamos de fato a mutilar idéias e sentimentos que nos são pessoais.
• Já não é a língua que apuramos, é nosso espirito que sujeitamos a servilismo inexplicável.
• Falar diferentemente não é falar errado. (...)
• Na linguagem como na natureza, não há igualdades absolutas; não há, pois, expressões diferentes que não correspondam também a idéias ou a sentimentos diferentes.
• Trocar um vocábulo, uma inflexão por outra de Coimbra, é alterar o valor de ambos a preço de uniformidades artificiosas e enganadoras. (...)
• Não podemos, sem mentira e sem mutilação perniciosa, sacrificar a consciência das nossas próprias expressões.
• Corrigi-las pode ser um abuso que afete e compromete a sensibilidade imanente a todas elas.
• Os nossos modos de dizer são diferentes e legítimos e, o que é melhor, são imediatos e conservam, pois, o perfume do espirito que os dita”.
Nota: Ribeiro deixa de ser neutralidade cientifica, para expressar sua clara posição apaixonada à unidade brasílica do português americano.
JOSÉ PEDRO MACHADO
O português do Brasil
Sua obra tem característica de não exacerbação e de veemência a língua portuguesa.
“Os patrioteirismos, sempre deslocados, devem ser postos de parte, assim como os brasileiros lusofilos em excesso e os portugueses de espíritos dissolente, enfim, afastemos todos os que não tenham condições para meditar a frio”.
Sobre a língua brasileira nacional e sua individualidade
“Lembro que o nome do ilustre académico não é, nem pode ser, desconhecido. Trata-se de um poeta 8, cuja glória foi coroada com aquele admirável Martin Carerê, dedicado ao Brasil-menino. Nessas páginas, ao lado da simplicidade tão bela, aparece-nos um português razoável.
Por isso, ocorre perguntar: Por que não emprega o delicado poeta nas suas obras uma língua absolutamente diferente da minha (pergunta)
Além de justificar a existência do 'dialecto dignificado', tornava-se coerente com teor do discurso feito na academia brasileira”. (Ênfase acrescida pelo autor)
CÂMARA JUNIOR
“Como quer que seja, as discrepâncias de língua padrão entre Brasil e Portugal não devem ser explicadas por um suposto substrato tupi ou por uma suposta profunda influência africana, como se tem feito às vezes. resultam essencialmente de se achar a língua em dois territórios nacionais distintos e separados.
A partir do período do português popular e dialetal do Brasil é, naturalmente, outro. Nele podem ter atuado substratos indígenas, não necessariamente, tupi, e os falares africados, na estrutura, na estrutura fonológica e gramatical. Também se verificaram, por ouro lado, sobrevivências de traços portugueses arcaicos, que não se eliminaram de áreas isoladas ou laterais em relação às grandes correntes de comunicação da vida colonial. A imensa vastidão do território brasileiro e as modalidades de uma exploração intermitente e caprichosa já propiciavam, aliás, por si sós, uma complexa dialetação, que ainda está por estudar cabalmente”.
CONCLUSÃO DAS TRÊS POSIÇÕES SOBRE A QUAESTÃO DA LÍNGUA NACIONAL
Câmara Junior advogou, como vimos, a inevitabilidade da diferenciação entre os dois sistemas, pois cada um deles, em território diverso, continuou a sua história natural. João Ribeiro e Cassiano Ricardo apregoaram a independência lingüística do sistema brasileiro, portanto, a diferenciação a fim de garantir a individualização do idioma (ou de um idioma) nacional brasileiro. José Pedro Machado garantiu e defendeu a unidade lingüística do português, ficando a língua brasileira de João Ribeiro e de Cassiano Ricardo reduzido a um dialeto da língua portuguesa (de Portugal)
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