
Joaquim Maria Machado de Assis (21 de junho de 1839 — 29 de setembro de 1908) foi um poeta, romancista, dramaturgo, contista, jornalista e teatrólogo do Brasil, amplamente considerado como o maior nome da literatura brasileira, consideração praticamente unânime entre os estudiosos da área.
(Winkepedia, acesso 02/12/2008)
O ALTAR E O TRONO
Consensualmente, pensa-se que "O Alienista"(1882) fala da loucura como condição para satirizar o positivismo. Sustenta-se também que o texto ridiculariza a centralização do poder.
Em outras perspectiva,é possível interpretar a novela como paródia da luta pelo controle social, singularizada em momento agudo da disputa entre a igreja e a ciência, que dominam as verdadeiras hipóteses de mando - na narrativa, a política (vereadores e povo) nada mais faz doque se desgastar em gestos de retórica inoperante.
De modo mais amplo, trata-se de uma resposta alegórica humorística a um conjunto de questões do Segundo Reinado: igreja; consolidação da psiquiatria no Brasil; discurssão sobre a unidade do Império.
Fiel a certa diretriz internacionalista da Igreja Católica, o bispo de Olinda, dom Vital de Oliveira, proibiu, em 1872, a presença de maçons nas irmandades de sua jurisdição, no que foi seguido por dom Antônio de Macedo, em Belém. O Estado manisfestou-se contra os interditos episcopais.
Como os bispos relutassem em sobrepor a Coroa ao Vaticano, o Conselho de dom Pedro II condenou-os a quatro anos de prisão. O Vaticano protestou, e a população brasileira ficou dividida. Houve mobilização política e cultural, até que, em 1875, os prelados foram anistiados. O imperador ter-se-ia, então, declardo "vencido, mas não convencido".
Sete anos após o conflito, Machado de Assis entrou no debate por meio da alegoria de "O Alienista", empregandoo ceticismo irônico contra todas as forças em jogo, particularmente contra a Igreja Católica. A novela pode ser entendida como uma variante verbal das caricaturas do período, das quais se pode tomar a de Bordalo Pinheiro como símbolo, graças a seu poder de síntese.
Nas veladas insinuações da autoridade do padre Lopes sobre Simão Bacamarte, vislumbra-se o interminável debate entre a teologia e a ciência, empenhadas com igual obstinação em apresentar a melhor hipótese sobre a origem do mundo e os meios de governá-lo. (...)
No limite, o livro insinua o princípio de que o poer deve emanar da razão, encarnada em feixe ideal de forças concêntricas de virtudes absolutas, que se associam à ciência,à insenção, e à verdade, concebidas como adequação do logos à praxis. Mas, como o mundo vive às avessas, essa noção também não resiste ao riso.
(Folha de São Paulo, Ivan Teixeira, USP/U. do texas)
RESUMO
O Alienista conta as aventuras atrapalhadas do doutor Simão Bacamarte, cientista que monta um hospício em Itaguaí, a Casa Verde. A base do projeto cientifíco do médico é separar o reino da loucura do perfeito juízo. A realidade, porém, é um tanto mais complexa e gera uma brutal confusão. O modo como sanidade e loucura se mistura na mente humana frusta e aborece o doutor. A aparência ou a vida interior das pessoas ligeiramene diferente da norma era suficiente para justificar a internação.

O Alienista, de Machado de Assis, por Fábio Moon e Gabriel Bá
No início, doutor Simão foi bem recebido pelos moradores de Itaguaí, quando ele recolhe os loucos tradicionais da comunidade. Mas as pessoas passaram a se preocupar quando o médico recplhe, na Casa Verde; alguns pacientes tidos como normais pela população. Na prmeira etapa, os internados manifestaram hábitos e atitudes discutíveis, mas toleradas pela sociedade. Gente sem opinião própria, os mentirosos, os poetas de versos em polados, os vaidosos, etc.

O Alienista, de Machado de Assis, por Fábio Moon e Gabriel Bá
Um dia, Bacamarte inverte seus valores numa mudança que causa espanto nos habitantes de Itaguaí. Ele solta todos os recolhidos e passa a internar os leais, os justos e os honestos. Os guardiões da moralidade da cidade passaram a ser submetidos a uma terapia para eliminar essas virtudes, que nada mais são do que casos de loucura. Os tratamentos funcionam e Bacamarte os declara curados. Solta todos e percebe que o único louco irremediável ali era ele próprio. Omédico tranca-se sozinho na Casa Verde e morre alguns meses depois.
O autoritarismo do médico é o grande assunto da obra. Machado sabia que o manicômio era um centro de poder muito antes do movimento antimanicomialda segunda metade do século XX. Em O Alienista, o bardeiro Porfídio lidera uma rebelião contra o hospício.
(Série Nossa Literatura, O Alienista, Heidis Strecker)
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