
Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 10 de Junho de 1580) é frequentemente considerado como o maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da Humanidade. O seu génio é comparável ao de Virgílio, Dante, Cervantes ou Shakespeare. Das suas obras, a epopéia Os Lusíadas é a mais significativa.
ESTRUTURA DE "OS LUSÍADAS"
O poema é composto de dez cantos, que contêm um número variável de estrofes. O mais breve, o VII, tem 87; o mais longo, o último, 156. O total, portentoso, é de 1102 estrofes, chamadas oitavas-rimas, pois todas têm sempre oito versos. Os versos são todos decassílabos, cuidadosamente escandidos, e rimados sempre segundo o mesmo esquema: o primeiro rima com o terceiro e o quinto; o segundo com o quarto e o sexto; o sétimo e o oitavo entre si.
(Série Bom Livro: Luís de Camões; Os Lusíadas. Carlos Felipe Moisés)
EPISÓDIO DE INÊS DE CASTRO
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Camões refere-se a várias vitórias alcançadas no período em que Portugal se propõe às novas descobertas do mercantilismo durante o período de agigantamento do Império Português devido aos sucessos obtidos nas viagens de descobertas. Esse período foi conseqüência da necessidade que as nações européias por hora passavam vendo que suas terras já não mais produziam suficientemente para alimentar a toda a população. Seu subsolo estava pobre devido à exploração. Então lhe restava buscar novas fontes de riquezas em outras terras.
O mercantilismo que não se deteve apenas na compra e venda de manufaturados e especiarias do oriente para o ocidente, mas principalmente na cobrança de valores como fretamento de navios para o transporte de produtos.
Não podemos nos esquecer também que o final da Idade Média foi palco de principalmente religiosas. Onde o Império Romano do Oriente com capital em Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos que praticavam a crença de Maomé (maometismo ou Islamismo).
Não devemos perder de vista o que mais nos interessa na análise desta obra: o episódio de Inês Castro.
Após vencer aos Mouros (lembre-se que Portugal ajudou ao Papa na luta das Cruzadas combatendo os avanços e proliferação de religiões: Maometismo X Catolicismo, forças grandiosas e opostas que buscavam se afirmar como religião, no caso do Catolicismo. Perceba que Dom Afonso ao retornar a Portugal não admite o amor de seu filho Dom Pedro I com a plebéia Inês de Castro. Inês de castro foi a acompanhante da princesa Dona Constança do reino de Castela que foi para Portugal se casar com o príncipe Dom Pedro I.
Veja a referência que Camões dá a Inês de Castro: mísera e mesquinha, que se transforma de plebéia a rainha depois de morta.
A musicalidade na obra de Camões é bastante forte onde o ritmo se faz grandioso, graças a forma das rimas intercaladas ou alternadas.
Dom Pedro I desposou Inês de Castro após a morte de sua mulher D. Constança, pela qual era profundamente apaixonado.
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A referência inicial ao poder tirânico do amor. A inicial maiúscula não quer dizer nada de um Deus soberano; quer mesmo é retratá-lo como se fosse um Deus e não o Deus altíssimo.
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Observe que Inês de Castro mantém-se segura de si, sem abatimentos maiores. É desconhecedoras do grande perigo por que passa sua vida.
Gozando dos prazeres do amor, próprios da idade em que se estava, Inês de Castro estava cega não enxergando o que se passava em torno dela.
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Veja o profundo paradoxo no 5º e 6º versos, em que o autor se refere à doce ilusão do amor na juventude.
Há neste octeto uma profusão de amor de Inês de Castro a Dom Pedro I e dele a ela. A lembrança dele para com ela e vice-versa é fortemente notada neste trecho.
Em doces sonhos e “em pensamentos” são expressões de valor adverbial que se ligam a “te traziam”.
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Vendo que os filhos não tem olhos para outras rainhas (princesas) de outros reinados e, juntando com os "buchichos" da sociedade que tratavam justamente dos amores entre Inês de Castro e Dom Pedro I, D. Afonso precisa, necessita tomar uma atitude drástica contra Inês de Castro.
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Não tendo outra saída, D. Afonso decide (após pressões populares e de seus conselheiros) matar Inês de Castro e assim libertar o filho para se casar com outra princesa.
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Pressão sobre o rei que não mude sua decisão. 124-14 “Horrífico”, que causam horror. -2 “Ante”: perante, diante de. -3-4 Os conselheiros de D. Afonso ponderavam-lhe que a crescente influência dos parentes de D. Inês podia originar pertubações políticas e pôr em perigo a independência do país no futuro reinado eque até o legítimo herdeiro, o filho de D. Constança, poderia ser vítima das ambições daqueles que desejassem ver sentado no trono de Portugal um filho de D. Inês. “Crua”; cruel. -8 “Que”: o que, e isto.
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Neste trecho percebe-se que Inês de Castro está presente no mesmo ambiente que D. Afonso. Esse a entrevista para mostra-lhe o perigo a que submeteu a si próprio e ao reino de Portugal. Também admoesta a respeito das conseqüências que resultará nesta aproximação dela ao príncipe.
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D. Inês procura exortar à piedade o rei e avô. 126-1-6 “Nas brutas feras... e nas aves agrestes... com pequenas crianaças viu a gente terem tão piadosos (piedoso) sentimento”: anacoluto, decorrente do provável cruzamento destas duas contruções: a) A gente viu as brutas feras... e as aves agrestes... TEREM tão piados sentimentos com pequenas crianças, NAS (=entre) brutas feras e NAS aves agrestes. “Mente”, índole, condição”. “Natura”: a Natureza. “Aérias”: aéreas, que se encontram nos ares. “Tem”: têm .- 7 “Coa (com a) mãe de Nino”: alude-a a Semíramis, que, abandonada pela mãe no deserto, terminou sendo alimentada pelas pombas, -8”Cos (com os) irmãoes”: alude-se a Rômulo e Remo, que foram amamentados por uma bola.
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Neste trecho, Inês rocura persuadir a D, Afonso a não matá-la, afinal que culpa tem ela e o príncipe de terem se apaixonado um pelo outro! Até porque a princesa D. Costança, mulher de D. Pedro I avia morrido e por isso ele (Inês de Castro) não via mal nenhum em etr um relacionamento com o príncipe. Na verdade a crescente influência da família de Inês em Portugal é que amedrontava ao Rei. Também pelo fato de todos se sentirem no direiro de terem relacionamento amoroso com a família real ou quem sabe vê-la de forma menos importante, como uma família comum e acessível a qualquer plebeu.
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Não contendo nenhum erro grave para merecer a morte, Inês de Castro não acredita que a morte será seu fim. Pra tanto pede ao rei que não lhe faça mal algum porque o único erro seu foi amar loucamente ao filho de D. Afonso.
Pede também, ao rei, que caso ele não abstenha de sua decisão de vê-la longe de D. Pedro I, mande-a para um outro país, exila-a, desde que não a mate.
Veja também, no 1º verso a eloqüência, a força que este tem ao elogiar a bravura do rei D. Afonso na voz de Inês de Castro. É a presença forte e marcante da epopéia camoniana.
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No primeiro parágrafo, podemos observar a força do grito de Inês esperançosa em receber do rei perdão elo que ela não havia feito. Prefere ser jogada na cova dos leões, referência à Bíblia, onde Daniel é jogado na cova dos leões e nenhum mal sofreu. Brada Inês de Castro preferindo viver junto aos leões (o que quer dizer que os animais são mais complacentes, amigos, humanos que os próprios homens) aos homens.
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Este trecho nos mostra a morte muito próxima de Inês de Castro quando seus inimigos arrancam a espada num gesto de que a morte da donzela esta mui próxima.
Veja também que a rima não está por inteiro numa regra. Ora ela se faz intercalada: ora paralela; ora alternada. A musicalidade é uma das mais importantes características da obra.
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Comparação da morte de D. Inês com o sacrifício da jovem Policena. 131-1 “Qual”: assim como “Policena”, filha de Príamo, rei de Tróia, e de Hécuba. 3-4 Alude -se ao fato de ter Aquiles, depois de morto, aparecido a seu filho Príamo e exigindo que este matasse em sacríficio a Policena. “Co”; com o -5 Leia-se: Mas ela (Policena), [com] os olhos com que serena o ar.
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Arremessam-se os matadores, cravando as espadas no coração de D. Inês. Faz-se memória do que aconteceu cinco anos depois da tragédia, quando D. Pedro transportou o corpo da esposa, desde Coimbra até os Mosteiro de Alcobaça. - 5 “As espadas banhando”: liga-se a “no colo de alabastro” e equivalente a “no colo as espadas enterrado e banhando-as em sangue”. É um exemplo de metonímia, em que uma das partes está pelo todo.
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Este trecho deixa claro a morte de Inês. Numa alusão à tristeza de todos, inclusive de Dom Afonso que não queria a morte de Inês. Este fato possivelmente deixou muita gente perturbada e infeliz.
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O horror de tal crime deveria levar à fuga do próprio Sol. 1331 “Poderas”: oderias, “Destes”, destes [algozes]. -2 “Aquele dia”: naquele dia. -3 “Como [apartaste] da seva mesa de Tiestes”. Conta-se que Atru, rei de Micenas, para se vingar do irmão Tiestes que tivera amores com sua mulher, ofereceu-lhe um banquete, onde lhe deu a comer a carne dos próprios filhos. Segundo uma antiga carne dos próprios filhos. Segundo uma antiga lenda, o sol, horrorizado, escondeu-se nrssa ocasião. “Seva mesa”: horrendo banquete ouvir da boca fria”, ouvir a última palavra da boca gelada [de Inês]. -8 “Espaço”: tempo.
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O local onde tombou D. Inês até hoje recorda o nefando crime, como previu o Poeta. 135-1 “As filhas do Mondego”: as ninfas do Mondego. “Escura”: triste, -2 “Memoraram”: recordaram. -3 “Por”: para. Neste e no verso seguinte, o Poeta alude à Fome dos Amores, na, na Quinta das Lagrímas, em Coimbra. -5 “Poseram”: puseram. “Inda”: ainda. -6 “Dos amores de Inês: pertence para “o nome lhe poseram”; -8 “Que”: é conjunção coordenativa explicativa. O segundo pensamento encerra uma justificativa do que foi dito no anterior. “E o nome amores”: e [que] o nome [é] amores.
(Estudos das obras literárias, Prof . Sebastião Oliveira Veloso, BRAVESP)
QUESTÃO:
(FUVEST) Considere as seguintes afirmações do crítico Hernâni Cidade, a respeito do discurso feito por Inês de Castro em Os Lusíadas:
“O discurso é uma bela peça oratória, concebida por quem possui todos os segredos do gênero. (...) Nele a inteligência sonctrutiva do clássico superou, no poeta, o sentimento da verdade psicológica. A idéia fundamental - põe-me em triste desterro, mas poupa-me a vida em respeito de teus netos - alonga-se por toda uma eloqüente oração ciceroneana, em que não faltam as alusões mitológicas apropriadas.“
Sobre as palavras do crítico e o conteúdo do episódio de Inês de Castro, é correto afirmar que:
a) pode-se considerar a fala de Inês de Castro um exemplo de peça oratória graças à intensa expressão lírica que o discurso apresenta;
b) uma das alusões mitológicas presentes no episódio relaciona-se a Vênus, deusa do Amor, responsável pela paixão trágica de Inês de Castro;
c) o tom oratório presente no discurso da personagem vem somar à expressão lírica a organização lógica das idéias, conferindo à enunciação um caráter argumentativo;
d) segundo o crítico, verificam-se elementos da oratória no episódio de Inês de Castro, os quais são resultado da capacidade do poeta de revelar a verdade psicológica dos personagens;
e) a idéia fundamental do discurso da personagem relaciona-se à tristeza em relação aos amores dos quais ela reconhecia não ter culpa, já que o verdadeiro culpado é Amor.
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