O Instituto de Lingua Viva tem o prazer de divulgar a obra pregada na Igreja de São Luís do Maranhão, pelo Padre Antonio Vieira, intitulada Sermão de Santo Antonio aos Peixes. Nota-se que essa obra de brilhante discurso delicia e impressiona o leitor por sua eterna atualidade. Leia e confirá citações da obra.
"Vós, diz Cristo, senhor nosso, falando com os pregadores sois o sal da terra; e chama-lhe sal da terra, por que quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tao corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que tem ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção?"
"Deixa as praças, vai-se as praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes! poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a correr os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos; e, postos todos por sua ordem com as cabeça de fora da água, Antonio pregava, e eles ouviam".
Fonte: Sermao de Santo Antonio aos peixes; VIEIRA, Padre Antonio, ed. EXPO98, 1996
OS SERMÕES DO PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Uma vez que Antônio Vieira alternou sua vida entre o Portugal e Brasil, sua obra é considerada tanto literatura portuguesa quanto literatura brasileira. Sua produção literária é composta, em sua grande maioria, por sermões, os quais pregava aos índios e aos moradores da época.
Somente os sermões editados por Vieira totalizam mais de 200.
O sermão era considerado um gênero literário superior, resultado de um enorme esforço intelectual. Os jesuítas os criavam com base em estudos de retórica:
Para a sua preparação, os padres estudavam a forma de exposição, a ordem dos argumentos.
Para a elocução, atentavam para a função dos efeitos que o sermão deveria obter.
Para a execução, memorizavam, praticando impostação da voz, gestualidade e posição do corpo.
Tudo era objeto de estudos sistemáticos desde que entravam no noviciado. Nenhum padre saía dos estudos antes dos 34 anos, tendo treinamentos diários. Assim, os sermões eram pregados normalmente nas igrejas e eram muito concorridos. O anúncio de um grande orador na missa do dia, por exemplo, criava grandes expectativas na comunidade.
O sermão acontecia após a leitura do Evangelho do dia (definido canonicamente) e antes da comunhão. O padre interpretava a passagem bíblica lida anteriormente de modo a renová-la, encaixando a História com a vida. Além de seus sermões, Vieira também escreveu poesias, livros poéticos e centenas de cartas. Muito desse material ainda é inédito.
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