Fonte: Wikipédia
Feliz Aniversário, de
Clarice Lispector
Feliz
Aniversário, de Clarice Lispector
O que se
pretende fazer nesta análise é a conexão entre psicanálise e a literatura. O
conto Feliz Aniversário, de Clarice Lispector, à analise tem como plano
principal o romance familiar.
"Ao
crescer, os indivíduos liberta-se da autoridade dos pais, o que constitui uma
dos mais necessários, ainda que mais dolorosos, resultado do curso de seu
desenvolvimento. tal liberdade é
primordial e presume -se que todos os que atingiram a normalidade lograram-na
pelo menos em parte. na verdade, todo o progresso da sociedade repouso sobre a
oposição entre as gerações sucessivas. existe, porém, uma classe de neuróticos
cuja condição é determinada visivelmente por terem falhado nessa tarefa."
Essa afirmativa
de Freud, esclarece alguns pontos importantes quanto pela analise da obra e
seus personagens, pois Alda é o centro da narrativa, que além de estar
completando 89 anos de idade e a mãe, avó, a anciã da família, os seis filhos,
sendo cinco homens e uma mulher, estão a festejar seu aniversário. Os cinco
homem possuem sua liberdade, se desvincularam da autoridade de Alda, e sua
única filha guarda-a como um objeto. Com a morte do pai e principalmente de
Jonga, filho que cativava o amor de sua mãe só tem a certeza de viver.
ANALISE DO
CONTO
O conto inicia
com a chegada da família ao aniversário de Zilda, senhora que completava 89
anos. O narrador em terceira pessoa
descreve a chegada dos convidados sua
vestimenta e seus modos. Primeiro chegou a nora de Olaria e seu filho acorvadado
pela roupa nova. Eles representavam o
filho que não viria por não querer ver os irmãos, mas que não queria romper os
laços familiares. Era um passei em Copacabana que a nora de Olaria estava a
fazer, sentia se ultrajada, logo depois dos cumprimentos senta-se ofendida em
uma das cadeiras organizadas em circulo por Zilda filha que tinha espaço e
tempo para os cuidados de sua mãe. Logo em seguida chegou a nora de Ipanema com
seus dois filhos e a babá, localizaram-se nas cadeiras do outro lado, de frente
para sua concunhada sem contudo encararem-se, o marido viria depois.
Eram quatro
horas, quando chegaram, tudo já estava devidamente arrumado a mesa, os balões a
aniversariante sentada na cabeceira da mesa. Chegou o primeiro filho a festa
era José e sua família. Logo em seguida a sala começou a ficar cheia de
convidados inaugurando a festa.
O costume de
descrever a aniversariante em sua festa é normal, mas se tratando de Zilda não
o faziam os convidados não sabiam se ela estava triste ou alegre, pois estava disposta
na cabeceira da mesa silenciosa sem esboça um gesto, nada. Sua fisionomia
magra, imponente e morena parecia oca.
Logo José tenta
animar a aniversariante, tendo atitudes de seu irmão morto que a velha cativava
e de quem mas gostava, Manoel seu socio
o apoiou riram, menos sua esposa e sua mãe. Os que trouxeram presentes não se
preocuparam em trazer nada que Zilda ou seus filhos pudessem aproveitar, nesse
momento o narrador deixa transparecer as intenções mesquinhas da dona da casa,
pois ela quadrava os presentes com uma "amarga, ironia."
A festa seguia
sem a participação da aniversariantes que mantinha-se rígida em seu lugar na
cabeceira da mesa. Os convidados faziam a festa sozinhos, comendo e bebendo os
salgadinhos feitos não para a aniversariante que não os poderia comer, o
narrador deixa implícito que Zilda para ela o aniversário. Todavia, ninguém
prontificou-se a ajudar a organizadora da festa que servia sozinha o ponche aos
convidados que riam e se animavam como Cordélia a nora mais moça.
Depois de toda
a mesa devorada pelos convidados, chaga hora do bolo, que encontrava-se intacto
no centro da mesa, apaga-se a luz e é acendida a vela que sua filha Zilda, que
havia trabalhado como uma escrava para organizar, estando com os pés axausto e
sem a ajuda de ninguém tinha organizado.
Não poderiam reclamar do papel colado como uma lapide ao bolo, reprimia
sua angustia em verem isso com o pensamento de que os convidados imaginassem
ser economia de vela, mas o que o fizera mesmo era o tumulo de sua mãe? Tanto
que depois do parabéns, Anita a aniversariante que observava toda a festa, dá
um golpe como assassina no bolo, que os convidados deliciam-se logo depois.
Porém, como é a única coisa que comia durante toda a festa, foi a ultima a
terminar angustiando os netos que ficaram olhando.
A autora tenta
mostra um outro olhar que poucas pessoas tem do complexo de Édipo, teorizado
por Freud. O senso comum admite apenas que o complexo está ligado apenas ao
conflito do filho em luta com o pai pela mãe assim como esta escrito da obra de
Soflocres, Édipo Rei, mas que Freud desdobra para a relação da filha com a mãe
na luta pelo pai. E o que Clarice através do narrador tenta mostra quando essa
luta pela posse da mãe e tendo ela com a
perda do filho desejado e protegido se fecha para si mesma, Zilda acaba por
aprisiona-la em sua casa. Guardando-a como um bibelô que é retirado para ser
mostrado em ocasião especial. Os filhos se ausentaram da luta, com exceção de
José leva seu sócio Moises para lhe apoiar, porem ate ele sentisse ressentido
pelo tratamento que a sua mãe Alda dava para eles, repetindo a atitude de seu
irmão morto e que cativava o amor de sua mãe, os outros mando suas esposas como
forma de não quebrar o laço familiar mas para desculpar sua ausência no apoio aos
cuidados da mãe.
Zilda tem a mãe
que é desejada pelo filho em sua guarda eles tem que se submeter a ela para
vê-la, o que só acontece em seus aniversários na qual Zilda tenta tirar algum
proveito pelo recebimento dos presentes e se sente amargurada por nem um servir
as suas necessidades nem as dos filhos. A ausência da aniversariante, até
quase, o final da festa e devido sua situação de submissão e de desgosto. Prova
que vai se concretizar na fala de Alda para Cordélia, nora mais nova, "uma
mulher deve, num ímpeto dilacerante, enfim agarrar a sua derradeira chance de
viver", assim justifica toda sua situação de vida e os acontecimentos da
festa. A sua vontade de viver e maior, do que, a de morrer, a que Freud
denomina pulsão de vida e pulsão de morte, apesar do desejo da filha está
relacionado a pulsão de morte demonstrado na forma da vela em forma de cruz com
a idade da aniversariante mostrando seu desejo esse pensamento não lhe vem a
mente, pois é recalcado quando pela imaginação do que os convidados poderiam
pensar sobre sua economia de vela, ou seja, o que ela gostaria que eles
estivessem pensando.
O fardo que a
velhice traz para as pessoas é o tema do romance familiar de Clarice que nos
deixa angustiado pelo comportamento dos personagens que se omitem a ver o que
realmente está ocorrendo, quando pelo tratamento da velha que é recalcado pela
angústia de ter de assumir o fardo dos cuidados de uma senhora idosa. Mas como
apenas Zilda se prestou a esse sacrifício a velha tem que aceitar para que
possa viver, assim sua ausência a festa toda. Para ela a festa acabou no
momento que iniciaria o jantar. Ela que passa a festa toda sem comer nada e
convidada por Zilda para comer o bolo em sua homenagem, surpreende a todos com
um único golpe como uma assassina, o seu inconsciente tenta esclarecer
"será que ela pensa que o bolo substitui o jantar". A compreensão da
insatisfação pela festa e pelo seu tratamento pela filha, só é percebida quando
transmite na fala com a nora de Olaria, que há chama atenção por seu comportamento
durante a festa, por seus risos, como se dissesse chegará sua idade, o que faz
a nora aproveitar-se da baixa idade do filho para bater nele e liberar essa
descarga de desgosto que percebeu ter de passar quando chegasse a velhice.
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