Numa cidade localizada na região
Norte do Brasil existe, como contam os habitantes do lugar, uma aparição que
vagueia nas noites pelas ruas. Poucos foram as pessoas que a viram, a contar
três, Seu Antônio pescador, Dona Braga beata e a jovem Jéssika, estudante. É comum,
nessa cidade, o encontro no final da tarde na mercearia de Seu Freitas, onde se
escuta de tudo um pouco. Lá o pesquisador do IFNOPAP coletou a
narrativa desses três habitantes.
O primeiro, Seu Antonio, viu a
aparição quando voltava da pescaria. Ele diz não lembrar de muita coisa do
acontecido, pois desmaiou logo que sentiu o cheiro da fumaça mal cheirosa que a
“coisa”, como chama, soltava e que cobria seu rosto. O pesquisador logo supôs
ser a “Matinta”.
Todavia a segunda, Dona Braga,
lembra-se do sorriso do “mostro”, que era tão lindo e contagiante, que a fez
rir durante dias, ocorrendo de o padre ter de exorcizar Dona Braga para que ela
pudesse parar de rir. Conta não ter visto a fumaça que Seu Antonio havia visto
que quase lhe pôs cego, mas sim na escuridão avistou e ouviu aquele belíssimo
sorriso. Isso confundiu o pesquisador que supunha ser a “Matinta” a aparição,
mas com sua experiência de catalogação de três mil contos populares da região
amazônica nunca havia lido essa manifestação, fato novo para seu registro.
A terceira pessoa quase morre
afogada. A jovem Jessika andava a noite de sua casa para a casa de sua avó,
levava uns bijus que sua tia havia preparado, quando viu um homem de costas,
vestia-se todo de branco e tinha o chapéu branco. O homem caminhava tranquilo e
elegante em direção ao rio. A jovem curiosa foi atraída por seus passos até a
beira do rio. Conta que nesse momento o viu entrar vagarosamente no rio, depois
só se lembra de acordar no hospital. Contam os habitantes que o jovem pescador
Marcos havia salvado a jovem da morte, depois de brigar com a criatura embaixo
do rio, tirando-a dos braços da aparição. Agora, o pesquisador encontrava-se
confuso não sabia se tratava de uma mesma aparição ou de várias, porque a
semelhança com a narrativa do “boto” era evidente.
Achou o pesquisador de conferir o
fato. Colocou-se no mesmo lugar que as três vitimas haviam estados. Depois de
três noites sem nada presenciar, no dia dois de novembro, sentiu o cheiro de
uma fumaça mal cheirosa, pensou era a pista que procurava. Seguindo o cheiro,
logo viu a fumaça e ouviu o sorriso. Pensou “meu deus, é a aparição”. Apertou o
passo é viu o senhor de branco, quando gritou:
– Ei, aguarde! Fala minha língua?
Quem és tu?
Seguiram-se perguntas, uma atrás
da outra, no entanto não obteve nem uma resposta.
Resolveu correr antes que a
aparição desaparecesse no fundo do rio. Foi quando num repente a figura estava
soltando fumaça e sorrindo na sua frente. Na manhã seguinte, foi o primeiro a
chegar à mercearia de Seu Freitas, passou a manhã e a tarde bebendo cachaça e
alucinando sobre o ocorrido na noite anterior. Tentava lembrar-se do que havia
acontecido, logo depois, que a criatura apareceu na sua frente sorrindo. Quando
no final da tarde, quando muitos habitantes encontravam-se ao seu redor ouviu a
mesma palavra que o fez desmaiar na noite e que o fez gritar: “ENCANTADO”. Assustados,
os habitantes correram para suas casas, enquanto o pesquisador não parava de
gritar. Depois de alguns minutos já sem voz percebeu que estava só.
Seguiu para a capital Belém, no
primeiro ônibus, pela manhã, na chegada foi direto para a Universidade Federal
do Pará, onde fica o IFNOPAP, e lá encontrou o maior intelectual no assunto o
doutor João de Jesus Paes Loureiro, que logo depois de ouvir sua história respondeu
tratar-se o “encantado” de um ser mitológico que mora no fundo das águas do rio
e que submerge de seu fundo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário