quinta-feira, 13 de novembro de 2008
LEITURA OBRIGATÓRIA: Alberto Caeiro
Alberto Caeiro
Fernando Pessoa marcou a literatura com a criação de seus heterônimos, uma série de poetas fictícios que possuem sua própria biografia, personalidade integrada. Os mais conhecidos heterônimos criados pelo poeta português são Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Sobre este, Pessoa escreveu. “Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária, morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó. Caeiro adota um estilo simples e sem rebuscamentos de linguagem. Apresenta-se como um homem instinitivo, entregue às sensações, fonte de todo o conhecimento possível. Despreza, por isso, qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar obstrui a visão”. (Leitura Obrigatória, acesso 2008).
O Pastor Amoroso
O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe pira tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.
Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem,
estão presentes.
(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco
nos pulmões)
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor,
uma liberdade
no peito.
Guardador de Rebanhos
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Questão:
Leia o texto abaixo.
“Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move.
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.”
A leitura do texto nos permite concluir que Fernando Pessoa falava pela voz de:
a)Ricardo Reis, por remeter a temas e formas da poética clássica.
b)Alberto Caeiro, pelo tratamento simples da natureza com a qual se sente intimamente ligado.
c)Álvaro de Campos, que representa o mundo moderno e a vanguarda futurista.
d)Pessoa, ele mesmo, por expressar traços marcantes da poesia do século XX.
e)Bernardo Soares, por adotar uma atitude intimista.
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