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terça-feira, 18 de novembro de 2008

LEITURA OBRIGATÓRIA: Cesário Verde


José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa em 1855 e faleceu em 1889. Graças ao seu amigo Silva Pinto, as suas poesias foram compiladas em O Livro de Cesário Verde publicado postumamente.

SOBRE A POESIA DE CESÁRIO VERDE

O trabalho poético de José Joaquim Cesário Verde (1855-1886) registra as tensões sociais do processo de urbanização em Portugal. Sua escrita poética é o ponto de partida de várias tendências de vanguarda e do modernismo de seu país, como o tratamento estilístico do decadentismo-sembolismo ou o sensacionismo de Fernando Pessoa. Sua consciência artesanal do poema, visto como objeto estético construído a partir de uma multiplicidade de perspectivas, aproxima-o igualmente da modernidade dos movimentos de vanguarda e da literatura contemporânea.

O principal mérito de Cesário Verde, entretanto, é ter tematizado com grande força poética o operariado lisboeta, com uma produção que o singulariza no conjunto da Literatura Portuguesa. É precursor, dentro de uma ótica pequeno-burguesa, das preocupações do movimento neo-realista que viria a se firmar depois da Segunda Guerra Mundial.

Cesário Verde, de origem burguesa, iniciou-se literariamente sob influência do Parnasianismo, mas evoluiu rapidamente para um realismo de caráter dialético, onde registra imagens do cotidiano citadino, contra posto ao do compo. Não é o processo da cidade que provoca a reação emotiva e crítica do poeta, mas as condições em que esse desenvolvimento ocorre: os operários, provenientes das regiões rurais, são reduzidos em seus valores humanos e transformados em animais, como nesta passagem de “Cristalização”

“Homem de carga! Assim as bestas vão curvadas!
Que vida tão custosa! Que diabo!
E os cavadores pousam as enxadas,
E cospem nas calosas mãos gretadas,
Para que não lhes escorregue o cabo”.

O sofrimento citandino que registra na sua escrita poética não é puramente literário, mas possui um referencial histórico e concreto. A população da cidade é fixada em processo, isto é, com imagens em movimentos, como acontece com a pintura impressionista. Há semelhança entre os seus procedimentos estíliticos e os do decadentismo-simbolismo francês, em especial com o poeta Charles Pierre Baudelaire (1821-1867).

Há, entretanto, uma diferença fundamental em relação a Baudelaire: a realidade em Cesário Verde é história, com homens concretos. Não há preocupação psicológica ou metafísica: os abismos existenciais têm fundamentação sociológica. Sua preocupação é caracterizar uma “alma popular” onde as tradições culturais e a própria escrita seriam objetivadas:

“E sinto, se me ponho a recordar
Tanto utensílio, tantas perspectivas,
As tradições antigas, primitivas,
E a formidável alma popular!

Oh! Que brava alegria eu tenho quando
Sou tal-qual como os mais! E, sem talento,
Faço um trabalho técnico, violento,
Cantando, praguejando, batalhando”!

A objetivação dessas duas estrofes do poema “Nós” também ocorre com a metáfora básica de seus poemas: a cidade-mulher. O poeta busca nas imagens concretas da cidade a dimensão humana, o sensualismo que ela perdeu, devido ao grosseiro desenvolvimento capitalista. A fria cidade-mulher o subjuga, como ao operário. Ela é dominadora, falta-lhe a naturalidade que é própria do amor. Nas relações amorosas entre o poeta e a cidade-mhlher, falta igualdade a vitalidade biológica, inerente ao amor realista.

A plasticidade da cidade atrai o poeta, mas ele rejeita a sua fria dominação. Há, então, uma dialética de atração – repulsão em relação à cidade-mulher: procura, como solução, transforma-la dentro do interior citadino, através de imagens vitalizadas do campo natural, como nesta passagem de “Num Bairro Moderno”:

“E eu recompunha, por anatomia,
Um novo corpo orgânico, aos bocados.
Achava os tons e as formas. Descobria
Uma cabeça numa melancia,
E nuns reponlhos seios injectados”.

A cidade-mulher é montada por “flashes”, uma forma de composição similar à das montagens cinematográficas. Esse processo evolui para a justaposição de imagens fragmentárias e múltiplas. Essa fragmentação refere-se a uma sociedade dividida, onde a noção de progresso se une à de decadência, em que o heróico se justapõe ao anti-herói, a fome à fartura, o delírio, o sonho e a fantasia às opressões da realidade. O poema “O sentimento de um Ocidente” sintetiza essa visão fragmentada, de forma frustadora, como podemos notar nesta estrofe:

“E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os aplos horizontes,
E tem marés, de tal, como um sinistro mar”!

A desilusão do poeta vem de suas próprias limitações históricas. Se ele consegue decompor e recompor o mundo passado e presente, não pode, entretanto, construir materialmente um outro mundo. Este é um modo de o poema expressar a consciência da contradição. E esta é uma forma de resistência à alienação social.

As contradições registradas por Cesário Verde ao nível individual são de sua época. Mais do que o reformismo da perspectiva do Realismo-Naturalismo da “geração de 1870, o poeta registra poeticamente um sistema social sem futuro, que dialeticamente se autodestrói:

“...a época de crise e de tão profundas contradições – vividas por Portugal e todo o Ocidente, no século XIX – ofereceu a Cesário Verde uma multiplicidade de problemas, instabilidades e vivências, oriundas de profundas transformações sociais. É essa época, e o sentimento que ela provoca, que faz de Cesário Verde um espectador e um crítico militante, um lírico amoroso que, através de seu relacionamento com a cidade e com a mulher, expressa contradições que, sendo suas ao nível subjetivo, acabam por refletir e configurar as de nível social”

(Maria Aparecida Paschoalin – A poesia de Cesário Verde: lirismo e realidade social, 1982)


Cesário Verde - Análise do poema "Contrariedades"

From: carlospina,
2 years ago








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DESLUMBRAMENTO

Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal

Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes complicadas!...

Em si tudo me atrai como tesoiro:
O seu ar pensativo e senhoril,
A sua voz que tem um timbre de oiro
E o seu nevado e lúcido perfil!

Ah! Como me estonteia e me fascina...
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
É tão alta e serena como a Morte!...

Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!

O seu olhar possui num jogo ardente,
Um arcanjo e um demônio e iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pêlo dum regalo!

Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana d Áustria mostrava aos cortesãos.

Enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorriso, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como um brilhante.

Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais,
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança, aguçam os punhais.

E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do azul e as andorinhas,
Eu hei de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos – as rainhas!
(fevereiro, 1875)

A DÉBIL

Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te sempre, recatada,
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Neste Babel tão velho e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorreste um miserável,
Eu, que bebia cálices d'absinto,
Que me tomas prestante, bom, saúdavel.

“Ela aí vem!” disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.

Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que o não suspeites!-
Êsse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.

Ia passando, a quatro, o patríarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça;
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.

Adorável! Tu muito naturalidade
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.

Sorriam nos seus trens os titulares;
E ao claro sol, guardava-te, no entanto,
A tua boa mãe, que te ama tanto,
Que não te morrerá sem te casares!

Soberbo dia! Impunham respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar sôbre o teu peito.

Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E d'altos funcionários na nação.

“Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!”
De repente, paraste de batina,
E d'altos funcionários da nação.

“Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!”
De repente, paraste embaraçada
Ao pé dum numeroso ajuntamento.

E eu, que urdia estes fáceis esbocetas,
Julguei ver, com a vista do poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és tênue, dócil, recolhida,
Eu que sou hábil, prático, viril.
(novembro, 1876)

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